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Linha Direta

Hillary denuncia aproximação de Trump com o líder do Brexit Nigel Farage

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Faltando pouco mais de dois meses para a eleição presidencial nos Estados Unidos, a democrata Hillary Clinton fez na quinta-feira (25) aquele que já é considerado seu mais duro discurso de campanha, denunciando práticas racistas de seu rival Donald Trump. Para ela, o Partido Republicano é hoje refém de uma direita radical que se assemelha em tudo aos ultranacionalistas europeus – com direito a apoio do líder do Brexit Nigel Farage.

Hillary Clinton e Donald Trump.
Hillary Clinton e Donald Trump. REUTERS/Aaron P. Bernstein//Carlo Allegri
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Eduardo Graça, correspondente da RFI Brasil em Nova York

Hillary denunciou o que chamou de “terrível histórico de Trump, tanto pessoal, quanto político, em relação às minorias étnicas nos EUA”. E foi além da crítica à retórica usada por Trump na tentativa de conquistar o voto dos negros, lembrando que ele cortejou o apoio de líderes de grupos defensores da supremacia caucasiana e o acusando de discriminar cidadãos negros e latinos em seus empreendimentos imobiliários.

Hillary afirmou ainda que Trump representa a rendição final do Partido Republicano a um conservadorismo radical, no estilo do que se vê na direita ultranacionalista europeia. Esta semana, o líder direitista britânico Nigel Farage, um dos artífices da campanha Brexit, veio aos EUA para participar de eventos da campanha de Trump. Farage afirmou que, apesar dos números desfavoráveis, um “exército de cidadãos comuns” irá, exatamente como na maioria que decidiu retirar o Reino Unido da União Europeia, surpreender o mundo com o resultado das urnas em novembro, elegendo Trump.

A nova direção da campanha de Trump, comandada pelo ultradireitista Steve Bannon, mostrou a que veio. Bannon pregou uma mudança na estratégia do candidato, muito atrás nas pesquisas, pedindo ele estabelecesse uma ponte com os eleitores hispânicos e negros. Em um comício na Virgínia, estado importantíssimo na disputa de novembro, Trump defendeu pela primeira vez a possibilidade de um caminho para cidadãos não-documentados legalizarem sua situação nos EUA, desde que pagando mais impostos, e acusou Hillary de ser racista.

Comunidade negra irritada

A lógica de Trump é que a ex-secretária de Estado vê a comunidade afro-americana como um manancial de votos cativos pela dependência dos programas sociais do governo. Por isso, ele afirmou, ela quer que eles continuem pobres. E pediu uma chance aos eleitores negros: “se vocês votarem em mim, poderão progredir como os brancos”.

A comunidade afro-americana ficou irritadíssima com as imagens cunhadas por Trump da realidade dos negros no país. Ele afirmou que os bairros de maioria negra são “zonas de guerra”, que eles vivem dos vales-refeições dados pelo governo, que se trata de um grupo de perdedores, vivendo em meio à violência e deterioração econômica e social. E que só ele, Trump, pode mudar este quadro.

Várias lideranças negras do país tomaram até mesmo a frase-chave repetida esta semana à exaustão por Trump para atrair o voto afro-americano - “afinal de contas, o que é que vocês têm à perder?” - como um insulto e não um aceno, um pedido de voto.

Pesquisas

A média das pesquisas dá, hoje, uma vantagem de 6% no voto popular nacional para Hillary, o que, em eleições americanas, é uma enormidade. No colégio eleitoral, os democratas conseguiram transformar em batalhas reais estados que são republicanos há décadas, como Arizona e Geórgia, e abriram uma vantagem grande na Pensilvânia e na Virgínia, que Trump acreditava poder tornar competitivos.

Por isso, hoje, as estimativas dão 79% de chance de vitória de Hillary contra 21% de Trump. A expectativa do republicano agora é usar o primeiro debate ao vivo na tevê, no dia 26 de setembro, para tentar uma virada em cima da reta de chegada.

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