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Polêmica

Leilão em Paris de tesouros indígenas americanos gera polêmica

A casa de leilão EVE, em Paris, realizou nesta segunda-feira (30) vendas de mais de 500 objetos de indígenas norte-americanos. Nos Estados Unidos, representantes das tribos Acoma, Hopi e Zumi protestaram contra a comercialização de um patrimônio que consideram sagrado e pediram, em vão, que o leilão fosse cancelado.

Indígenas norte-americanos protestaram nesta segunda-feira (30), no Museu Nacional da Cultura Ameríndia, em Washington, contra o leilão de objetos sagrados em Paris.
Indígenas norte-americanos protestaram nesta segunda-feira (30), no Museu Nacional da Cultura Ameríndia, em Washington, contra o leilão de objetos sagrados em Paris. Brendan Smialowski / AFP
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Com informações da correspondente da RFI em Washington, Anne-Marie Capomaccio

Reunidos no Museu Nacional da Cultura Ameríndia, em Washington, indígenas norte-americanos se disseram ofendidos e alegaram que os objetos leiloados em Paris foram roubados de suas terras. Para eles, esses "tesouros" são sagrados e não poderiam ser comercializados em nenhuma circunstância.

Em entrevista a RFI, o chefe da tribo Acoma, Kurt Riley, fez um paralelo com a destruição e os objetos roubados da cidade de Palmira, na Síria, pelo grupo Estado Islâmico. "Estamos passando pela mesma situação, com a diferença que o mundo inteiro condena o que acontece em Palmira", protesta.

Riley explicou que a cultura indígena tem significados diferentes da cultura ocidental, o que dificulta a compreensão da gravidade do leilão. "Entre eles está um escudo sagrado dos Acomas, que para nós tem um valor espiritual inestimável", lamenta.

Ele explica que o leilão fere a tradição e as leis de seu povo. "Não sabemos como esses objetos deixaram nosso território. Mas o fato de que o leilão acontece é a prova de que um roubo existiu. Permitir que este evento seja realizado é violar todas as leis do povo Acoma", diz.

Justiça francesa autoriza leilão

As tribos norte-americanas, apoiadas por autoridades dos Estados Unidos, não conseguiram convencer os tribunais franceses. Para a Justiça da França, que analisou o caso, o leilão dos 500 objetos está dentro da lei.

Em entrevista à rádio France Info, o etnólogo e especialista na tribo Hopi, Gilles Colin, denunciou a atitude das autoridades francesas, que classificou como "laxismo". "Imaginem que leiloássemos um pedaço do Santo Sudário, uma pedra preta de Meca ou do Muro das Lamentações. Seria um escândalo", declarou.

Colin ressalta que que as leis norte-americanas proíbem qualquer tipo de venda ou exportação de objetos de suas tribos indígenas. "Esses objetos saíram do território dos Estados Unidos de forma fraudulenta. A legislação norte-americana é muito severa, mas a França não ratificou a convenção que não permite vender aqui o que é proibido em outros países. E, então, aqueles que querem se aproveitar desta situação compreenderam que a França tem um ponto fraco nesta questão", explica.

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