Disputas internas ameaçam Partido Democrata norte-americano
Kentucky e Oregon foram os dois estados com primárias presidenciais na noite desta terça-feira (17) nos Estados Unidos, mas as atenções no Partido Democrata se voltaram para Nevada, onde um conflito entre delegados de Hillary Clinton e de Bernie Sanders, no fim de semana, levou a atos de vandalismo na sede do partido.
Publicado em:
Eduardo Graça, correspondente da RFI nos Estados Unidos
Delegados de Bernie dizem que o sistema eleitoral bizantino do partido governista favorece Hillary, que tem o apoio da cúpula democrata. A confusão, com direito a ameaças de morte e cadeiras atiradas contra militantes rivais acontece no momento em que Hillary se aproxima de conseguir a maioria dos delegados para a convenção de julho.
Além disso, a reação de Bernie, que condenou a violência mas se solidarizou com os argumentos de seus simpatizantes, faz com que os democratas comecem a temer que a fortalecida esquerda do partido poderá não marchar com a ex-secretária de Estado na disputa contra Donald Trump, em novembro.
Sanders obteve no Oregon 53% dos votos, contra 47% para Clinton, cujas pesquisas apontavam como vencedora no Estado. Os resultados mantém a ampla vantagem de Clinton na corrida pela indicação democrata, mas voltam a mostrar a evidente divisão interna do eleitorado.
Vitória dividida
Ontem Hillary venceu no estado do Kentucky por menos de 2 mil votos e os dois candidatos saíram com o mesmo número de delegados. Já no Oregon, onde era favorito, Bernie venceu com pouco mais de 5% de vantagem, e agora aposta todas as suas fichas nos outros nove estados que ainda irão às urnas nas primárias democratas para a sucessão de Barack Obama. Bernie precisa vencer todos, incluindo os populosos estados da Califórnia e New Jersey, e com larga vantagem, para bater Hillary, uma missão quase impossível.
Como os democratas distribuem seus delegados de acordo com um critério proporcional, a vitória de Sanders - por uma margem estreita - não impede que Clinton continue ganhando força. Neste contexto, o mais provável é que o duelo não se defina até as primárias da Califórnia, no dia 7 de junho.
Do outro lado do tabuleiro político, Donald Trump e os republicanos procuraram se mostrar mais unidos do que nunca, com o anúncio dos primeiros fundos de campanha unificados de candidatos do partido a governos de estado, ao Senado e à Casa dos Representantes, em uma mensagem clara: a direita se rendeu definitivamente ao seu candidato.
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