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Linha Direta

Presidente argentino rebate revelações do Panama Papers

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A Argentina foi sacudida pelas primeiras revelações do Panama Papers. O presidente do país, Mauricio Macri, é, por enquanto, o único presidente latino-americano a figurar na lista dos envolvidos com sociedades e contas em paraísos fiscais. Além de Macri, aparecem na lista empresários argentinos ligados ao poder e um ex-secretário privado do ex-presidente Néstor Kirchner.

O presidente argentino, Mauricio Macri, aparece na lista do escândalo dos paraísos fiscais.
O presidente argentino, Mauricio Macri, aparece na lista do escândalo dos paraísos fiscais. REUTERS/Marcos Brindicci
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Marcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Mauricio Macri aparece como parte de uma sociedade offshore, registrada nas ilhas Bahamas. A defesa do presidente rebateu as suspeitas: disse que a sociedade nunca movimentou dinheiro, não teve conta bancária e que foi declarada ao fisco.

Durante uma entrevista na TV, o presidente Mauricio Macri garantiu que a sociedade "offshore" é "uma operação legal. Ele explicou que a firma "Fleg Trading" foi aberta em 98 e que foi encerrada 10 anos depois, em 2008.// Contou que foi aberta pelo pai dele, o empresário Franco Macri, com o objetivo de investir no Brasil, mas que nunca concretizou nenhum investimento.

O pai colocou dois filhos como diretores "circunstanciais", sendo que o filho Mauricio, também como vice-presidente da firma. Mauricio Macri contou que a sociedade nunca chegou a ter uma conta bancária, que nunca movimentou nenhum montante e que, portanto, nunca gerou nenhum lucro.// Por isso, concluiu Macri, ao não ter havido dividendos, ele não estava obrigado a declarar a sociedade.

Macri alegou que "outros usam paraísos fiscais para esconder dinheiro obtido de forma indevida", mas que essa sociedade em questão foi criada para investir, que "está tudo perfeito".

“Tudo foi devidamente declarado”, afirma pai do presidente argentino

Em nota, o pai do presidente Macri, o empresário Franco que formou uma fortuna principalmente durante os anos 80 e 90, explicou que o filho foi "ocasionalmente" designado diretor da firma, mas "sem participação acionária" e que tudo foi "devidamente declarado perante as autoridades fiscais da Argentina'.

O pai argumentou que "a sociedade era para participar em diversos empreendimentos privados, particularmente no Brasil, mas que, diante da falta de concretização dos negócios e inativa por mais de cinco anos, a sociedade foi dissolvida".

A Receita Federal argentina confirmou a explicação dos Macri ao afirmar que "se uma pessoa física residente na Argentina não for acionista de uma sociedade no estrangeiro e, como diretor, não tiver rendimentos, não está obrigada a apresentar a declaração fiscal".

Oposição pede explicações em rede de rádio e TV

A oposição mais moderada do peronismo, liderada pelo deputado Sergio Massa, pediu que o presidente Macri convoque uma rede nacional de rádio e TV para explicar o seu vínculo com a sociedade offshore.

A maior crítica veio mesmo da imprensa e dos analistas políticos que passaram dos questionamentos à cautela.A imprensa relembrou as afirmações de Macri sobre uma nova era de exemplo de transparência por parte do governo.

Embora Macri não estivesse obrigado pelo fisco a declarar a sociedade, os cientistas políticos disseram que eticamente Macri deveria ter declarado porque, embora a firma tenha existido até 2008, muito antes de ele chegar à Presidência, Macri foi eleito deputado em 2005 e prefeito de Buenos Aires em 2007.

No final do dia, essa crítica perdeu força porque apareceram as declarações fiscais do pai, dono da sociedade. A sociedade offshore na qual aparece o presidente Mauricio Macri acabou por encobrir outra revelação que pode envolver os anteriores governos dos Kirchner.

Também foi descoberto que o então secretário privado do ex-presidente Néstor Kirchner, Daniel Muñoz, possui sociedades com contas bancárias em paraísos fiscais. Muñoz já foi acusado de transportar sacolas repletas de dinheiro da corrupção para o ex-presidente Néstor Kirchner.

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