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Linha Direta

Macri completa 100 dias de governo com 70% de aprovação popular

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O presidente argentino, Mauricio Macri, chega aos seus 100 primeiros dias de governo neste sábado (20). O conhecido prazo de "lua de mel" que todo novo governo tem quando começa chega ao fim para Macri. A partir de agora, começa uma fase de cobranças cada vez maiores.

O presidente argentino, Mauricio Macri e seu governo completam 100 dias no cargo de uma Argentina que se tornou o país da moda na América Latina.
O presidente argentino, Mauricio Macri e seu governo completam 100 dias no cargo de uma Argentina que se tornou o país da moda na América Latina. REUTERS/Marcos Brindicci
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Correspondente da RFI em Buenos Aires

Nos últimos 100 dias, Macri tomou medidas de normalização da economia e conseguiu que a Argentina retornasse à agenda internacional. Mas a combinação de uma elevada inflação com uma recessão econômica aumentou o número de demissões. A imagem positiva do presidente continua alta. Porém, os ajustes na economia podem estar apenas no início.

A Argentina transita de uma economia fechada e estatizada a uma economia de mercado, aberta ao mundo. Nesse sentido, as principais medidas do governo Macri foram as que acabaram com restrições cambiais e comerciais de uma só vez.

O governo liberou o câmbio. A moeda acumula uma desvalorização de 50%. Mas apesar do choque cambial, os efeitos foram mais positivos do que negativos. O movimento de capitais também foi liberado. O governo eliminou ainda as restrições às importações e à exportações. Tudo para permitir uma oxigenação numa economia confinada.

Por outro lado, o governo fechou um acordo com os credores externos para poder sair da moratória da dívida. Esse acordo é uma condição para o país voltar a ter acesso ao mercado de capitais e para receber investimentos externos.

Macri reposiciona a Argentina no cenário internacional

Sem dúvida, os resultados mais imediatos obtidos por Macri foram na agenda internacional. A política externa argentina teve uma guinada de 180 graus. Para usar uma expressão muito comum na Argentina, o país "voltou ao mundo".

Nos últimos 100 dias, o presidente Macri teve projeção internacional como não se via há 12 anos. Foi estrela no Fórum Econômico de Davos, recebeu no mês passado o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o presidente francês, François Hollande, e vai receber, na semana que vem, o presidente norte-americano, Barack Obama. Se antes os líderes mundiais iam ao Brasil ou cruzavam o céu argentino para irem ao Chile, sem nunca pousar em Buenos Aires, agora a situação se inverteu. Macri projeta a Argentina e ouve promessas de investimentos de todos os referentes internacionais econômicos e políticos.

Controle da inflação é o maior desafio do governo

Se tivéssemos que definir a atual expectativa argentina seria de um otimismo com temor. A inflação é, sem dúvida, a maior preocupação. Existe uma inflação elevada combinada com retração econômica, e essa conjuntura explosiva acelera demissões. Desde o início do ano, 107 mil argentinos perderam o emprego. No mês que vem, as negociações sindicais por reajustes salariais vão começar, aumentando a pressão sobre o governo. 

A inflação nos dois primeiros meses foi de 8,3%. Março pode terminar com uma inflação próxima de 5%. Economistas estimam que a inflação poderia chegar a 40% no final ano. O governo eliminou subsídios à energia elétrica e as contas chegaram com um aumento de até 600%. Ainda falta reajustar todos os demais serviços.

O governo tem feito cortes na inchada máquina estatal. Já demitiu cerca de 25 mil pessoas, a imensa maioria contratada na última fase do governo de Cristina Kirchner para garantir votos. São pessoas que não tinham tarefas designadas.

A maneira que o governo Macri tem para driblar o campo minado herdado do governo Kirchner é sair da moratória da dívida. Esta é uma condição indispensável para o Estado voltar a se financiar no mercado de capitais, receber investimentos e voltar a crescer.

O presidente Macri adverte que ou o Congresso aprova o acordo com os credores externos ou o caminho será um doloroso ajuste e mais inflação. Se o caminho proposto der certo, o governo pretende aplicar um grande plano de obras de infraestrutura para gerar milhares de empregos e ampliar os programas sociais. Esse plano para voltar a crescer deveria dar frutos no segundo semestre.

Macri tenta esse equilíbrio entre Estado e mercado. Tem sido um governo de centro. E nesses primeiros 100 dias de lua de mel manteve 70% de imagem positiva. 

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