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Linha Direta

Trump e Clinton vencem primárias do "Super Tuesday"

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A chamada terceira “super terça-feira” das primárias americanas foi mais decisiva do que se esperava na disputa pela sucessão de Barack Obama. Derrotado nesta terça-feira (15) em seu estado, a Flórida, por Donald Trump, o senador Marco Rubio, maior esperança dos caciques republicanos, anunciou a suspensão de sua campanha. No lado democrata, a noite foi de Hillary Clinton, que venceu em quatro dos cinco estados em disputa de ontem entre os democratas e até a madrugada aparecia ligeiramente à frente no Missouri.

Hillary Clinton, en meeting à Palm Beach, en Floride, pour le super Tuesday bis du 15 mars 2016.
Hillary Clinton, en meeting à Palm Beach, en Floride, pour le super Tuesday bis du 15 mars 2016. REUTERS/Carlos Barria
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

O Partido Republicano viu, atônito, a maior destruição de seu status quo desde os anos 60. Para as lideranças do partido, restou apenas o governador John Kasich, que, até agora, só venceu um estado, e justamente o que ele governa. O senador Marco Rubio era apontado pelos caciques do partido como a grande esperança do futuro da direita nos EUA: é hispânico, jovem e decidido a conquistar o voto de democratas e independentes. Mas ele foi massacrado por Donald Trump em seu estado natal e fica cada vez mais claro que os republicanos terão de lidar com um candidato cuja mensagem é estranha às mais importantes minorias étnicas no país, principalmente negros e hispânicos, e com uma agenda radical de direita cuja capacidade de atrair moderados e independentes parece ser nula.

Matematicamente, há chances de Cruz ou Kasich impedirem que Trump seja o candidato, mas os dois teriam de vencer, a partir de agora, em quase todos os estados e com uma vantagem enorme sobre Trump, o que é muito improvável. Vai se configurando um cenário em que nenhum dos três candidatos terá mais de 50% dos votos na convenção, o que pode aumentar ainda mais o caos na direita. E mesmo que a cúpula republicana, com poucas esperanças de que Kasich se torne um fenômeno eleitoral de última hora, decida tapar o nariz e se unir em torno de Trump ou de Cruz, igualmente detestados pelos políticos com cargo eletivo no partido, a pergunta central é: como é que eles vão conseguir reverter a mensagem de intolerância social, étnica e cultural na eleição de novembro?

Hillary Clinton confirma favoritismo entre democratas

Hillary ontem venceu com larga vantagem na Flórida e em Ohio, dois estados cruciais para as eleições de novembro, e ainda conquistou a maioria dos votos de Illinois, onde fica Chicago, em uma disputa apertada. Foi uma noite de comemoração entre os partidários de Hillary e de consternação para os de Bernie Sanders, que esperavam surfar na onda da vitória no Michigan na semana passada e em criar um caminho para novembro tendo como base os estados industriais do meio-oeste, como Illinois, Missouri e Ohio, mas isso não aconteceu. Porém, os resultados esmiuçados do voto de ontem também revelam que o caminho de Hillary, nas eleições gerais, será bem mais complicado do que o esperado.

As vulnerabilidades de Hillary Clinton são as mesmas, todas denunciadas seguidamente por Bernie Sanders durante as primárias: as ligações íntimas de Hillary com Wall Street, que a vem financiando com suas palestras mundo afora; suas mudanças quiçá oportunistas em posições como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, tratados de comércio dos EUA com outros países e a reforma da imigração e sua rejeição entre os eleitores mais jovens e sem filiação partidária, que preferiram Bernie, em média, por uma vantagem de 70% a 30%. Também não se vê na campanha Hillary a mesma animação de Bernie. Ela precisará contar com a empolgação dos militantes de Bernie para vencer em novembro, o que aumenta, inegavelmente, o poder de influência do senador socialista no futuro da campanha Hillary-2016, empurrando a ex-primeira-dama para a esquerda.

Arizona pode definir cenário final das eleições

Em uma semana os eleitores de Arizona, Utah e Idaho vão às urnas. Os republicanos votam em Arizona e Utah, e os democratas também em Idaho. Mas o estado de fato importante para os dois lados é mesmo o Arizona, pelo número de delegados e, no caso dos republicanos, pela característica, sempre importante, de que o vencedor ganha todos os delegados à convenção. Entre os republicanos é importante perceber a movimentação do senador John McCain, ex-candidato à presidente e uma figura admirada pelos moderados do partido, que pode anunciar o apoio a Kasich e alterar o balanço da disputa. Já entre os democratas, Hillary precisa confirmar o apoio significativo dos hispânicos, que têm um enorme peso entre os eleitores do partido no Arizona.

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