Os Estados Unidos realizaram na noite desta terça-feira (1°) a Super Terça (Super Tuesday, em inglês). No total, doze estados foram às urnas para escolher seus candidatos à presidência nas primárias dos partidos Democrata e Republicano. Os dois grandes vencedores da noite foram o bilionário Donald Trump, e a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton. Entre os perdedores, quem amargou a pior derrota foi o senador Marco Rubio, cujo discurso de que é o único político capaz de unificar a oposição não está convencendo os americanos.
Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York
A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump mantiveram seu favoritismo e aumentaram as distâncias em relação a seus concorrentes diretos no número de delegados conquistados rumo às convenções partidárias. Entre os governistas, Hillary venceu sete dos onze Estados em disputa. Ficou à frente, como esperado, em todos os Estados do sul, Virgínia, Tennessee, Arkansas, que já foi governado pelo ex-presidente Bill Clinton, Alabama e Texas.
Hillary também foi vitoriosa, ainda que por pouco, no Massachusetts, um Estado liberal, da região da Nova Inglaterra, uma das principais esperanças de Bernie Sanders. O senador socialista foi bem no meio-oeste, vencendo no Colorado e no Oklahoma, no centro-norte, onde arrebatou Minnesota e, como era esperado, em seu Estado natal, Vermont, com quase 90% dos votos.
Sanders continua recebendo doações de milhares de cidadãos americanos em ritmo alucinante, o que dá fôlego à sua campanha, mas ele sabe que está ficando cada vez mais difícil vencer Hillary na convenção democrata. Seu discurso ontem já foi na linha de que “mais importante do que a presidência é o movimento que minha candidatura criou”, inegavelmente posicionando o Partido Democrata mais para a esquerda. As questões cruciais agora parecem ser até quando Bernie vai conseguir estender a disputa e se ele conseguirá transferir para Hillary a empolgação de sua campanha e o apoio entusiasmado dos jovens.
Trump ratifica popularidade entre eleitores da classe média
Entre os republicanos, a situação é mais complicada. Donald Trump venceu ontem em oito Estados - Alabama, Alaska, Arkansas, Geórgia, Tennessee e Virgínia, todos no sul, como se esperava, mas também nos muito mais moderados Massachusetts e Vermont. Foi uma vitória inquestionável, que deixou seus adversários ainda mais apopléticos.
O senador Ted Cruz venceu em seu Estado natal, o Texas, rico em delegados, e no vizinho Oklahoma. Marco Rubio venceu apenas em Minnesota. Além da fragilidade de Rubio, os resultados de ontem, se analisados mais de perto, revelam que Trump expandiu ainda mais sua coalizão, vencendo com uma avalanche de votos de cidadãos caucasianos de classe média-baixa e de eleitores sem diploma universitário, mas também entre evangélicos sulistas e moderados da Nova Inglaterra.
Em seu discurso de vitória, Trump mandou um recado para os adversários: “Os resultados mostram que o único capaz de unificar o partido sou eu. Já é hora de partir para cima de quem interessa: Hillary”.
Caos no Partido Republicano
A resistência à candidatura Trump dentro do Partido Republicano não diminuiu com a vitória do bilionário nas primárias de ontem. A palavra que melhor define a legenda conservadora neste momento, para a alegria de Hillary, é caos.
Rubio se nega a ver a noite de ontem como o fim de sua candidatura e já fala abertamente na possibilidade de uma convenção dividida, em que os votos dos anti-Trump impediriam o bilionário de Nova York de ser ungido candidato, ainda que tenha a maioria dos votos.
Cruz, que deveria ser o campeão entre os evangélicos, está atrás de Trump nesta fatia importantíssima na coalizão conservadora, e não parece ter fôlego para bater Trump. Cruz e Rubio dizem que Trump vai destruir o Partido Republicano e levará uma surra de Hillary em novembro.
Trump, por sua vez, não ajuda ao não reagir de forma decididamente contrária ao apoio de grupos criminosos como a Ku Kux Klan, ao defender práticas de tortura pela CIA “muito piores do que as da era Bush” e a ter uma postura agressiva contra militantes liberais. Dentro do Partido Republicano, além de uma derrota para Hillary, teme-se que os candidatos do partido ao senado e à Casa dos Representantes sofram com o radicalismo populista do bilionário.
Primárias continuam no fim de semana
No próximo fim de semana, as primárias presidenciais americanas continuam. Os eleitores irão às urnas no Kansas, Kentucky, Louisiana, Maine, Nebraska e territórios de Porto Rico (Ilha de Guam, Ilhas Virgens Americanas, Samoa Americana e Ilhas Marianas do Norte).
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