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Chile/Ditadura

Morre Manuel Contreras, braço direito de Pinochet durante ditadura no Chile

Manuel Contreras, general do Exército chileno e diretor da temida polícia política da ditadura de Augusto Pinochet, morreu na noite desta sexta-feira (7), aos 86 anos, em um hospital de Santiago. Contreras, condenado a mais de 500 anos de prisão por múltiplos casos de tortura, desaparecimento e sequestro de opositores, "faleceu por volta das 22H30 local", no Hospital Militar de Santiago.

O general Manuel Contreras, em foto de 2004
O general Manuel Contreras, em foto de 2004 (Photo: Reuters)
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O militar, considerado um dos maiores criminosos da história do Chile, sofria de câncer e diabetes e teve seu estado de saúde agravado nos últimos dias. "Era um dos homens mais desprezíveis do Chile (...), matou muita gente", disse na Televisão Nacional o advogado dos direitos humanos Roberto Garretón. Após a divulgação da notícia, dezenas de pessoas foram até a entrada do Hospital Militar, no leste de Santiago, para celebrar a morte do general.

Com bandeiras e bumbos, como ocorreu após a morte de Pinochet, em dezembro de 2006, os manifestantes gritavam "assassino, assassino" na entrada do hospital. Dezenas de pessoas - também com bandeiras chilenas - se reuniram na Praça Itália, no centro de Santiago, para comemorar.

Contreras era a "mão direita" de Pinochet: foi seu professor na Academia de Guerra e tomava café da manhã com ele todos os dias, nos primeiros anos do regime. Ele comandou a temida Direção Nacional de Inteligência (DINA), a polícia política que vitimou mais de 3.200 opositores, entre mortos e desaparecidos, durante a ditadura (1973-1990).

"Mortos em combate"

O torturador foi preso em 2005, pelo sequestro de um jovem opositor. A partir de então, acumulou múltiplas condenações, que lhe valeram o título de um dos maiores criminosos chilenos de todos os tempos. "Nunca torturamos ninguém (...). Nos quartéis (da DINA) os detidos ficavam por cinco dias para interrogatório com métodos normais", disse Contreras em uma entrevista na prisão, em setembro de 2013, na véspera do 40º aniversário do Golpe de Estado que instalou a ditadura de Pinochet.

"Todos os mortos pela DINA foram abatidos em combate. Não dei ordens para fazer desaparecer ninguém", afirmou o general. A DINA, uma espécie de Gestapo chilena, chegou a ter 60 mil membros, entre agentes, informantes e homens no exterior. A organização dispunha de prisões secretas, mantinha os presos por tempo indeterminado, só prestava contas diretamente a Augutso Pinochet e atuava dentro e fora do país, inclusive para eliminar dissidentes exilados.

Para formar a DINA, Contreras colocou em prática todos os seus conhecimentos de luta anti-subversiva aprendidos na Escola das Américas, a questionada instituição de doutrinamento militar criada pelos Estados Unidos, da qual foi um dos alunos mais destacados. Contreras também foi um dos idealizadores da chamada "Operação Condor", o plano coordenado de extermínio de opositores estabelecido pelas ditaduras do Cone Sul na década de 70.

Assassinatos fora do país

O general foi condenado pelo assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier, em um atentado com explosivos em Washington, no dia 21 de setembro de 1976, e pelas mortes do ex-comandante do Exército chileno Carlos Prats e sua esposa, ocorridas na Argentina em 1974, também com uma bomba, no automóvel do casal. Pinochet retirou Contreras da DINA em 1977, quando os Estados Unidos comprovaram que a morte de Letelier foi ordenada pela instituição.

A extradição de Contreras para os Estados Unidos foi negada pela Corte Suprema do Chile, e o general cumpriu sete anos de prisão no país, até janeiro de 2001. Ficou quatro anos em liberdade e foi preso novamente, em 2005.

Com informações da AFP

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