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Bolsonaro repete na Assembleia da ONU fórmula para base radical

Em seu terceiro discurso na Assembleia Geral da ONU (AGNU), em Nova York, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (21) que veio para mostrar um “Brasil diferente”, mas como nos anos anteriores sua narrativa não se baseou em dados.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante discurso na sede da ONU, nesta terça-feira 21 de setembro de 2021.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante discurso na sede da ONU, nesta terça-feira 21 de setembro de 2021. REUTERS - EDUARDO MUNOZ
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

Bolsonaro apresentou números e informações distorcidas em uma fala para agradar sua base radical, em um momento que enfrenta recorde de rejeição entre brasileiros. “O Brasil mudou e agora tem sua credibilidade recuperada diante do mundo”, afirmou ignorando diversas manifestações de preocupação com a erosão da democracia no Brasil vindas de lideranças e organismos internacionais.

Apesar de inúmeras denúncias e investigações, na tribuna da ONU Bolsonaro garantiu que seu governo não tem “caso concreto de corrupção” e que, antes de seu mandato, o Brasil “estava à beira do socialismo”.

Como esperado, o presidente defendeu o agronegócio, que chamou de “sustentável”, e se comprometeu a zerar desmatamento ilegal. Aos líderes mundiais, Bolsonaro perguntou: “Qual país no mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?”. Os resultados na proteção ao meio ambiente e no combate à pandemia da Covid-19 rendem as mais duras críticas ao governo brasileiro no exterior.

Contra passaporte sanitário

O presidente também se manifestou contra a aplicação de um passaporte sanitário e defendeu o tratamento precoce contra à Covid-19, considerado ineficaz e não recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das agências da ONU.

Bolsonaro garantiu que seu governo promove o “ressurgimento do modal ferroviário” e que acelerou a privatização de aeroportos e terminais portuários. Disse ainda que “barateou o custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos” e que país tem “tudo o que investidor procura”. No último ano, o real perdeu 28% do seu valor diante do dólar, sendo a moeda com pior desempenho, a que mais se desvalorizou, o que reduziu o poder de compra das famílias brasileiras.

Participação de cerca de 100 chefes de Estado e de governo

Segundo a tradição, o representante do Brasil foi o primeiro a discursar abrindo a 76ª sessão da Assembleia Geral. Em seguida, o presidente americano, Joe Biden, fez o primeiro discurso de seu mandato na Assembleia, que esse ano acontece de forma híbrida.

Cerca de 100 chefes de Estado e de governo fizeram o deslocamento para participar de forma presencial da AGNU. No ano passado, pela primeira vez em 75 anos, a Assembleia foi realizada de forma virtual por causa da pandemia. Dessa vez, o maior evento diplomático do ano combina atividades virtuais e presenciais. Governantes puderam escolher entre comparecer à sede da organização em Nova York ou enviar mensagens gravadas.

Houve dúvidas sobre a possibilidade de participação do presidente brasileiro, pois ele não se vacinou contra a Covid-19 e essa era uma exigência da prefeitura de Nova York para a entrada no evento. No entanto, com a prerrogativa de imunidade diplomática, a organização não está sujeita as leis do país onde fica a sede.

Bolsonaro fez um discurso agressivo em 2019, com menções negativas a outros países membros da ONU. No ano seguinte, fez um discurso focado em defesa às críticas recebidas pela gestão do meio ambiente e da pandemia.

Bolsonaro retorna ao Brasil na noite dessa terça-feira.

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