Irã quer enriquecer urânio a 20% após afirmar que não cumpre mais acordo nuclear
O Irã informou os inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que espera voltar a enriquecer urânio a mais de 20% em sua central nuclear situada em Fordo, perto da cidade xiita de Qom. A decisão foi tomada após a aprovação de uma lei recente no Parlamento, controlado pelos conservadores.
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Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã
No acordo nuclear assinado com as potências ocidentais em 2015, em Viena, na Áustria, o Irã havia se comprometido a não produzir urânio enriquecido a mais de 3,67 %. O documento foi negociado pelos chefes da diplomacia iraniana, dos representantes do grupo dos 5 + 1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha) e da União Europeia.
O Irã, acusado de tentar fabricar a arma atômica, sempre defendeu que o material radioativo era usado para pesquisas médicas e científicas. A arma nuclear utiliza urânio enriquecido a cerca de 90%.
A decisão foi anunciada pelo chefe do programa nuclear de Teerã, Ali Akbar Salehi. Segundo ele, membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) devem em breve chegar ao Irã para autorizar o uso dos equipamentos, que estão parados desde a assinatura do acordo.
A central de Fordo é protegida contra ataques militares. No documento assinado em 2015, o governo iraniano havia prometido enriquecer o material apenas na usina de Natanz, a um nível a 4%. Parte do material também deveria ser estocado fora do Irã.
Negociação com EUA
Com a decisão, Teerã espera ter mais margem de negociação na perspectiva da retomada de novas discussões com os Estados Unidos que se retiraram do acordo em 2018, na gestão Trump. O objetivo é tentar suspender as sanções impostas há dois anos pelo chefe de Estado americano, que impactam a economia iraniana.
As autoridades do país afirmaram que se Washington voltar ao acordo nuclear e retirar as sanções econômicas contra o país, Teerã suspenderá as decisões tomadas há dois anos para retomar seu programa nuclear.
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