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Brasil-África

A importância da família na sociedade moçambicana

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O cuidado com a família começa cedo e acompanha os moçambicanos ao longo da vida, de geração em geração. Receber e retribuir ajuda familiar é quase uma tradição.

A brasileira Marcia Helena Manjate com o marido moçambicano.
A brasileira Marcia Helena Manjate com o marido moçambicano. (Foto: Arquivo Pessoal)
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Fábia Belém, correspondente da RFI em Maputo

Hélder Massinga é casado e pai de um garoto de três anos. O jovem moçambicano cresceu numa família numerosa, com 11 irmãos. A mãe era dona de casa e o pai consertava máquinas de costura. A vida não era fácil. Numa determinada altura, uma das irmãs assumiu o sustento da família. “Ela teve que começar a trabalhar muito mais cedo por ser a irmã mais velha. Inicialmente, começou a dar aula. O dinheiro resultante das aulas, ela dava de comer à família e ainda pagava a minha educação e de uma irmã mais nova”, lembra Massinga.

A cadeia da reciprocidade: dar e receber apoio familiar

O antropólogo Adriano Bisa afirma que, na família moçambicana, há sempre uma preocupação de receber e retribuir ajuda. “É frequente ter alguém que apoie, sustente um parente, mesmo que não viva com ele”. Bisa também explica que é muito comum pessoas crescerem em casa de outros parentes. “Acabam tendo apoio para estudar, apoio para crescer”. Quando se tornam adultos, “sentem essa obrigação de fazer o mesmo pelos outros. Então, essa cadeia de reciprocidade vai se estendendo, vai crescendo”, esclarece.
O próprio antropólogo cresceu na casa das tias, irmãs do pai. Agora, é ele quem ajuda outros da família - “sobrinhos, principalmente”, diz.

Casamento - união entre dois grupos familiares

Aida Nhavoto é de uma família de nove irmãos. O mais velho, com a morte do pai, continuou a ajudar a família mesmo quando casou. Assim como a cunhada, ela já sabia que casamento não significava, somente, a união entre duas pessoas. “É o casal, os pais do casal e toda a família que descender de cada um. Isso faz com que seja uma comunidade, uma família muito maior”, diz a jovem de 27 anos, casada e mãe de dois filhos.

Uma brasileira numa família moçambicana

A brasileira Márcia Helena Manjate é casada com um moçambicano. Quando o sogro morreu, o marido, filho mais velho, assumiu a liderança da família. A vida da professora, nascida em São Paulo, mudou bastante.

“Se é um casamento, você tem que participar das reuniões de organização desse casamento, e os parentes esperam que o seu empenho dentro daquela família, dar opiniões, resolver problemas, que tudo seja muito maior”, revela. Márcia Helena diz que estranhou no começo, mas já se acostumou. O casamento com o marido e com a família moçambicana já dura 20 anos.

 

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