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Linha Direta

Terremotos na Califórnia reavivam medo de "Big One", tremor com consequências trágicas

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O sul da Califórnia, nas últimas quinta(4) e sexta-feira (5), passou pelos mais fortes terremotos dos últimos 20 anos. O Estado é classificado como uma das regiões de maior instabilidade tectônica do planeta, por estar sobre uma série de rachaduras na crosta terrestre, e por isso o medo é constante e os preparativos para um desastre também.

Um carro passa por cima de uma fissura que se abriu em uma estrada durante um terremoto que atingiu o sul da Califórnia, perto da cidade de Ridgecrest, Califórnia, EUA, 4 de julho de 2019.
Um carro passa por cima de uma fissura que se abriu em uma estrada durante um terremoto que atingiu o sul da Califórnia, perto da cidade de Ridgecrest, Califórnia, EUA, 4 de julho de 2019. REUTERS/David McNew
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

Foram mais de 5 mil réplicas de abalos sísmicos desde a última quinta-feira, muitas de cinco ou quatro graus de magnitude. Segundo especialistas, a frequência, já diminuiu em relação aos primeiros dias, quando acontecia a cada 30 segundos um novo tremor. Os pesquisadores inclusive disseram que no caso do último grande terremoto da região de Los Angeles, de 1994, por três anos foram registrados os chamados aftershock, termo que designa as réplicas dos terremotos.

Muitas informações circulam na internet sobre o medo de um grande terremoto, o “Big One”. A Califórnia é uma das regiões de maior instabilidade tectônica do planeta e há uma série de rachaduras em sua crosta terrestre, como a famosa Falha de San Andreas que corta o estado e tem 1300 quilômetros – que não foi responsável pelos recentes tremores.

A falha de San Andreas é a mais estudada do planeta e desempenha um papel fundamental na compreensão do complexo processo que envolve as outras falhas geológicas da Terra. Há inúmeros estudos e centenas de pesquisadores envolvidos com diferentes linhas de investigação, inclusive. Há pesquisas que medem a presença de fluidos dentro da crosta, e de que maneira isso pode afetar a atividade tectônica como GPS e lasers, por exemplo.

A atividade das placas é monitorada também por sismógrafos, aparelhos que, com sensores, medem todos os movimentos do solo. Nesses últimos dias também se especulou sobre se os últimos terremotos poderiam provocar um tremor na falha de San Andreas. Também foi descartada a hipótese de que o terremoto na Califórnia poderia ter alguma relação com os fortes tremores que aconteceram nesse domingo na Indonésia. Segundo especialistas, um tremor pode afetar apenas falhas que estejam menos de 100 quilômetros de distância.

A Califórnia está também na área chamada de Anel de Fogo do Pacífico, que começa no Chile, na costa Oeste da América do Sul, sobe para o norte e faz em forma de ferradura o arco que dá a volta pelo Alasca, passando pelo Japão e indo à Austrália.

A maior pesquisadora sobre o assunto de Los Angeles, Lucy Jones, do Instituto Tecnológico da Califórnia, declarou nesse domingo que, em se tratando de terremotos, não há um padrão, nem maneira de prever ou contê-los, e o melhor a fazer é se preparar.

Preparo constante

A Califórnia vive constantes preparativos caso um dia haja um grande terremoto. As rachaduras são reais e há essa cautela e medo constantes dos moradores e das autoridades. Por exemplo, todos os anos, no dia 17 de outubro, existe um treinamento para a população saber como agir em caso aconteça um terremoto. Isso é feito em todas as escolas, empresas e prédios. É importante saber quais atitudes tomar e onde ficar na hora do tremor - debaixo de uma mesa, por exemplo.

É importante se abaixar e ficar parado. As crianças também reaprendem aprendem a se comportar durante a evacuação dos prédios. A população também é consciente da importância de ter kits terremotos em casa e nos carros. Em muitas escolas é obrigatório a família mandar um kit básico - com comidas não perecíveis, capas de proteção contra o frio, algum tipo de filtro que purifique a água. Dentro de casa, a população deve seguir dicas básicas, como, por exemplo não deixar móveis soltos, colocar estantes apenas encostadas na parede para que não caiam em cima de alguém.

Prédios sem tijolos

Os novos prédios já são feitos com materiais e projetos mais resistentes ou flexíveis aos abalos – as construções não são feitas com tijolos, muito frágeis no caso de tremores. A cidade de Los Angeles tem um inventário com construções desse tipo que passam por frequentes fiscalizações e reformas para poderem se adaptar melhor. Na cidade os prédios também não são muito altos, só em algumas áreas as construções com mais de quatro andares são permitidas.

Os edifícios novos e mais altos são feitos com uma tecnologia que é muito usada no Japão e que minimizou os estragos do grande terremoto de 2011. As fundações não têm contato direto com o solo: há rodinhas e molas que permitem que os edifícios se movimentem e, assim, absorvem os impactos do tremor. Em Los Angeles há um mapa das principais falhas que cortam a cidade e muita gente escolhe o bairro olhando onde está a falha mais próxima.

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