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Tecnologias do semiárido brasileiro podem ajudar a alimentar imigrantes venezuelanos na Colômbia

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Após seis anos à frente da representação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Brasília, o boliviano Alan Bojanic foi transferido para o  escritório da agência em Bogotá.

O boliviano Alan Bojanic.
O boliviano Alan Bojanic. R. Belincanta
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*Para ouvir a entrevista na íntegra, clique na foto acima

Ele chega à Colômbia com o desafio de auxiliar na implementação do Acordo de Paz assinado entre governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em setembro de 2016, sobretudo na questão da redistribuição das terras.

Todavia, a estabilidade da Colômbia também passa pela gestão da crise migratória. A maior parte dos 4 milhões imigrantes que deixaram a Venezuela estão em solo colombiano. Sozinha, a Colômbia acolhe 1,3 milhões de venezuelanos.

Semiárido colombiano

Eles se concentram nos estados de fronteira ao norte, principalmente em La Guajira, onde as feridas de 20 anos de guerra civil ainda estão abertas.

Bojanic afirma que o Nordeste brasileiro tem muita coisa a oferecer para essa região marcada por longas estações de seca.

“A Embrapa em Petrolina tem um leque de tecnologias impressionante que seriam adaptáveis, começando pelo manejo da vegetação nativa, além dos programas de barragens subterrâneas, de captação de água das chuvas, as cisternas e os carros-pipa”, elenca.

Imigração para o campo

Para mitigar a insegurança alimentar em La Guajira, a FAO implementou alguns programas de resiliência, sobretudo de cultivos e atividades agrícolas a curto prazo, inclusive com o apoio financeiro do Brasil.

“Eu acho que se pudéssemos trazer essas tecnologias de manejo de recursos hídricos para os semiáridos que tem em Pernambuco, na Paraíba, no Ceará, poderíamos fazer muita coisa para alimentar os venezuelanos que estão chegando”, aposta.

Bojanic recorda que a imigração venezuelana não é estritamente urbana. “Muitos venezuelanos estão indo para o campo, trabalhando nas colheitas de café e cana de açúcar, e alguns já começam a se assentar”, conta.

Cultivos ilegais

Por outro lado, muitas terras que antes eram dominadas pelas FARC hoje se encontram em uma situação jurídica transitória. A remoção dos cultivos ilegais cabe ao Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Um dos mandatos da FAO previstos no Acordo de Paz é orientar os produtores que se encontram em situação precária após a destruição de cultivos ilegais, sobretudo de coca, marijuana e papoulas.

Outro fator que dificulta a transição é a perseguição sofrida por agentes humanitários e lideranças sociais, já que muitos têm sido friamente assassinados.

“É uma cultura de ilegalidade tão forte que é muito difícil erradicar, substituir sem violência. A ideia é encontrar uma forma para realizar essa substituição com zero vítimas”, conclui Bojanic.

(Rafael Belincanta, especial para a RFI)

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