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Linha Direta

Chavismo encurrala Guaidó enquanto país tenta superar apagão

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Enquanto a população busca alternativas para as consequências do apagão, a rixa política entre governo e oposição continua forte. Na tarde desta segunda-feira (1), enquanto a população protestava contra a falta de energia e de água, o Tribunal Supremo de Justiça deu início à possibilidade de o líder opositor Juan Guaidó ser preso.

Milhões de venezuelanos ficaram sem uma gota de água em um cenário de desabastecimento provocado pela série de apagões.dade" diz pancarta durante protesto em Caracas, Venezuela.
Milhões de venezuelanos ficaram sem uma gota de água em um cenário de desabastecimento provocado pela série de apagões.dade" diz pancarta durante protesto em Caracas, Venezuela. AFP/Federico PARRA
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Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela

O presidente do TSJ, Maikel Moreno, deu ordens para a Assembleia Constituinte tirar a imunidade parlamentar de Juan Guaidó. É alta a probabilidade de que o parlamento chavista aprove o pedido.

Caso isso aconteça, o opositor pode ser preso a qualquer momento.

De acordo com Moreno, Guaidó violou a determinação do Tribunal que o impedia de sair da Venezuela. Em fevereiro deste ano, Guaidó visitou vários países, entre eles o Brasil. Ao voltar, o opositor entrou pelo principal aeroporto da Venezuela, sem ser impedido pelas autoridades. 

Analistas afirmam que seria inconstitucional a Assembleia Constituinte tirar a imunidade parlamentar de Guaidó. Apenas a Assembleia Nacional, que é de oposição, teria capacidade para isso.

Pressão contínua

Há pouco dias, a Controladoria Geral da Venezuela inabilitou Guaidó por um período de 15 anos, o máximo permitido por lei.

Aos poucos o governo de Nicolás Maduro fecha o cerco em torno de Guaidó, ignorando que mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos, apoiam o opositor.

Guaidó afirmou que a Assembleia Chavista não tem poder para retirar sua imunidade parlamentar.   

Maduro faz mudanças

O presidente Nicolás Maduro anunciou a destituição de Luis Motta Dominguez, também conhecido como o ministro dos apagões. Ele comandava o Ministério da Energia desde 2015 e foi substituído por Igor Gavidia. O novo ministro também ocupa o cargo de presidente da Corpoelec, a estatal fornecedora de energia elétrica.

Segundo Maduro, Gavidia vai desenvolver e fortalecer a recuperação e blindagem do serviço elétrico no país.

O novo ministro é velho conhecido dentro do chavismo. Em 2010, quando foi presidente da Edelca, a estatal Eletrificação do Caroni, Gavidia através de documento pediu uma missa em clamor a Deus pelo setor elétrico nacional, que já estava em crise naquela época.

Não há informações sobre como Gavidia irá superar as supostas sabotagens e ataques ao sistema elétrico venezuelano.

A outra nomeação foi a de Freddy Brito para o ministério de Ciência e Tecnologia. Semanas atrás, Maduro pediu que seus ministros colocassem seus cargos à disposição. As outras pastas ainda continuam sem ministros.

Plano de racionamento

Nesta segunda-feira (01), faltou luz em diversos momentos e bairros da capital. Situação parecida aconteceu nos demais estados da Venezuela. Em outros, a completa falta de energia elétrica persiste.

O caso mais grave acontece em Zulia, o estado que mais produz petróleo no país. Os zulianos estão há mais de 160 horas sem energia elétrica. Não há informações oficiais sobre quando o fornecimento elétrico será reestabelecido por lá. No entanto, após o anúncio do racionamento feito pelo presidente Maduro, as autoridades do governo não deram maiores informações.

A população não tem detalhes sobre o racionamento, apenas que os cortes de energia continuarão vigentes por mais tempo que o esperado.

Maduro informou que as aulas serão retomadas nesta quarta-feira (3) e que o horário de trabalho em locais públicos e privados vai até as duas da tarde. 

Efeitos dos apagões

A mais grave consequência é a falta de água em todo o país. Por causa da falta de energia elétrica, a água não consegue chegar às caixas de água. Isso tem deixado todos bastante angustiados e nervosos.

Pelo menos em Caracas é constante a movimentação de caminhões-pipa.

Também tem sido comum ver pessoas carregando recipientes para transportar água. Na capital existem diversas nascentes. No entanto, o desespero tem levado as pessoas a recolher água do rio mais poluído da capital.

Especialistas alertam para o risco de doenças causadas pela água contaminada, sobretudo em um país onde faltam remédios e insumos para tratamentos básicos.

Outra reposta são os protestos espontâneos que acontecem em boa parte da Venezuela. Saques também têm sido registrados.

A extração de petróleo foi interrompida. Já a Fedeagro, a Federação dos Produtores Agropecuários, denuncia perdas milionárias, sobretudo na produção de leite.

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