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Linha Direta

No Chile, líderes sul-americanos criam PROSUL para substituir a falida UNASUL

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A América do Sul cria nesta sexta-feira (22), em Santiago no Chile, um novo organismo de integração regional, o chamado PROSUL, com ideologia de direita e a favor do livre mercado. O organismo PROSUL vai substituir a falida UNASUL, de ideologia de esquerda.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fala à imprensa após chegar ao Aeroporto Internacional Arturo Merino Benitez, em Santiago, Chile, em 21 de março de 2019.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fala à imprensa após chegar ao Aeroporto Internacional Arturo Merino Benitez, em Santiago, Chile, em 21 de março de 2019. REUTERS/Esteban Garay NO RESALES. NO ARCHIVES.
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Márcio Resende, enviado especial da RFI ao Chile

Os críticos dizem que a região já tem iniciativas suficientes de integração e que o novo bloco estará a mercê, no futuro, de uma nova virada ideológica. Por isso, países com governos de esquerda como Bolívia e Uruguai preferiram ficar de fora e apenas enviaram observadores.

As dúvidas já começam pelo nome. Ninguém sabe bem o que significa PROSUL. Poderia ser "Progresso para a América do Sul" ou "Progresso sul-americano". Nem mesmo se sabe se esse será o nome. No programa da visita do presidente Bolsonaro, por exemplo, aparece Diálogo para Coordenação e Colaboração na América do Sul.

Outra falta de definição é quanto ao que será anunciado hoje. Ainda não se sabe se será anunciado o novo bloco ou o primeiro passo para a construção de um novo bloco. Os ministros das Relações Exteriores estiveram reunidos tentando afinar os anúncios desta sexta-feira (22).

Seja como for, o objetivo dos presidentes reunidos em Santiago é o de resgatar um processo de integração regional. É uma iniciativa do presidente chileno, Sebastián Piñera, que visa uma articulação dinâmica entre os países com conteúdos práticos e benefícios para a população, como a integração em infraestrutura, em energia e a cooperação. Prometem que tudo será sem muita burocracia nem carga ideológica.

UNASUL implodiu

Criar um novo foro bastaria para reformar o anterior. É que a UNASUL, União das Nações Sul-americanas, implodiu. Ficou congelada desde 2017, quando o então secretário-geral, o ex-presidente colombiano, Ernesto Samper, deixou o cargo.

Ficaram expostas as profundas diferenças e contradições entre os países da América do Sul que não se entenderam nem mesmo quanto ao novo nome a ser designado.A UNASUL ficou refém do choque entre uma região de governos de esquerda durante mais de uma década e a nova onda de direita que, a partir de 2015, foi ganhando as eleições em todos os países.

Nessa virada à direita, os novos governos começaram a sair da UNASUL, considerada um organismo de integração de esquerda. Atualmente, dos 12 países sul-americanos, apenas cinco continuam numa UNASUL falida (Bolívia, Suriname, Guiana, Uruguai e Venezuela). Nesses países, não houve uma mudança política, embora Bolívia e Uruguai tenham eleições em outubro deste ano.

Apesar de se anunciar como um bloco mais pragmático, os críticos veem na iniciativa do PROSUL o objetivo de promover a direita em detrimento da esquerda.

Então, se a criação da UNASUL foi um erro porque tinha uma inclinação política, um novo processo agora, com outra inclinação, seria cometer o mesmo erro. Outra crítica é quanto ao excesso de foros regionais cheios de boas intenções, mas sem resultados concretos. OEA, Grupo do Rio, CELAC, MERCOSUL, Aliança do Pacífico e Ibero-americana. São muitas reuniões de cúpula e poucos resultados.

Apenas sete países aderem ao projeto

Dos 12 países sul-americanos, apenas sete aderem imediatamente ao projeto e enviaram seus respectivos presidentes: Chile, Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Argentina e Paraguai. Os que não aderiram são Bolívia, Uruguai, Guiana e Suriname. Bolívia e Uruguai desconfiam que o novo bloco seja apenas a uma união da nova direita regional. Esses países enviaram apenas "observadores".

São requisitos para integrar o PROSUL a vigência plena da Democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e das liberdades individuais, exigências que hoje excluem a Venezuela. Por isso, a Venezuela não foi incluída, mas o autoproclamado presidente encarregado, Juan Guaidó, foi convidado.

 

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