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Linha Direta

Em duelo político, Maduro e Guaidó promovem shows na fronteira entre Colômbia e Venezuela

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A partir desta sexta-feira (22), a oposição e o governo venezuelano travam um duelo através de shows internacionais, na ponte internacional de Tienditas, que liga a Venezuela e a Colômbia, para arrecadar doações para a população. O chanceler brasileiro Ernesto Araújo anunciou em sua conta no Twitter que participará das atividades em Cúcuta, na Colômbia, e acompanhará a ajuda humanitária colocada à disposição do povo venezuelano pelo Brasil em Roraima no sábado (23).

Preparativos para o concerto “Venezuela Aid Live” que visa arrecadar mais de 100 milhões de dólares em doações.
Preparativos para o concerto “Venezuela Aid Live” que visa arrecadar mais de 100 milhões de dólares em doações. REUTERS/Edgard Garrido
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Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

O show "Venezuela Aid Live", organizado pelo multimilionário americano Richard Branson, prevê a arrecadação de US$ 100 milhões em doações e começa pela manhã, com a apresentação de dezenas de artistas internacionais. O objetivo do evento é incentivar a entrada da ajuda humanitária. Toneladas de alimentos e materiais médicos estão na Colômbia, parados na fronteira com a Venezuela. As provisões continuam bloqueadas na região de Cúcuta, onde toneladas de remédios e alimentos estão estocados.

O presidente Nicolás Maduro nega que exista uma crise humanitária no país e decidiu organizar o evento “Tirem as Mãos da Venezuela”. O objetivo é subsidiar cerca de 21 mil caixas de alimentos para crianças carentes na Colômbia. Serão três dias de shows com participação de mais de 100 artistas, de acordo com o governo.

Os dois shows serão realizados a poucos metros de distância e na ponte internacional de Tienditas, uma das que conecta a Venezuela e a Colômbia e onde, na semana passada, o governo de Maduro mandou colocar containêres impedindo a passagem da ajuda humanitária. Ninguém acreditaria que essa briga de poderes seria levada a uma "guerra de discotecas", pelo menos essa é a piada que tem circulado no país últimos dias.

Autoridades e ajuda humanitária

Uma força internacional de peso estará em Cúcuta, a cidade colombiana por onde passam diariamente centenas de venezuelanos. Ivan Duque, o presidente do país anfitrião, Marito Abdo Benítez, do Paraguai, Sebastián Pinera, do Chile, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, e Eliot Abrams, o assessor especial de Washington para assuntos da Venezuela, participarão das atividades em apoio à entrada da ajuda humanitária no país.

Também chega ao fim o prazo dado por Guaidó para que as Forças Armadas venezuelanas permitam a entrada da ajuda humanitária. Caso não ocorra esta permissão, de acordo com o governo interino, os militares cometeriam o crime de lesa humanidade ao se negar a salvar vidas impedindo a chegada do carregamento.

Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino e foi reconhecido por mais de 50 países, afirma que atravessará neste sábado (23) o rio Táchira, na fronteira com a Colômbia, para buscar a ajuda humanitária que deveria ter chegado há vários dias na região.

Por questões de segurança, a oposição evitou dar detalhes sobre como será a possível entrada e distribuição da ajuda humanitária na Venezuela. Guaidó deixou Caracas na quinta-feira (21) com cerca de 80 deputados, com destino à fronteira colombiana, para acompanhar a entrega dos mantimentos. Mas a caravana teve que interromper o trajeto de 800 quilômetros por conta de uma barragem instalada na estrada. De acordo com imagens divulgadas pela TV, os deputados saíram dos veículos e enfrentaram os soldados. A caravana pôde seguir seu caminho, mas sua localização exata está sendo mantida em segredo.

Fronteiras fechadas

Isolado no cenário político internacional, após 50 países manifestar em apoio ao governo interino de Juan Guaidó, Maduro blindou quase todos os acessos à Venezuela. Cauteloso com a possível entrada da ajuda humanitária, ele autorizou o fechamento da fronteira terrestre com o Brasil por tempo indeterminado. Ele avalia fazer o mesmo com a da Colômbia. As fronteiras aéreas e marítimas da Venezuela já estão fechadas.

Militar chavista apoia Guaidó

Guaidó tem buscado o apoio de chavistas dissidentes e, sobretudo, o de militares. Ontem (21), ele obteve o apoio de Hugo Carvajal, homem de peso dentro do chavismo e também nas forças armadas. Ele reconheceu o governo paralelo de Juan Guaidó e repudiou o governo de Maduro.

Nas redes sociais, Carvajal enviou uma mensagem aos militares venezuelanos questionando porque eles não permitem a entrada da ajuda humanitária e afirmou que quer ser útil no reestabelecimento da ordem constitucional para a realização de eleições livres no país.

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