Em entrevista, Guaidó diz que não descarta intervenção militar dos EUA na Venezuela
O opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente por dezenas de países, disse nesta sexta-feira (8) que não descarta a hipótese de uma intervenção de uma força estrangeira no país para que o presidente Nicolás Maduro pare de "usurpar" o poder e para "salvar vidas", em referência à catástrofe humanitária que assola a Venezuela.
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Em uma entrevista exclusiva concedida à agência AFP, Juan Guaidó enfatizou que fará tudo que gerar o "menor custo social" para conseguir "eleições livres" que tirem a Venezuela da pior crise de sua história contemporânea. Guaidó, engenheiro de 35 anos, falou sobre a crise política na Venezuela desde que se autoproclamou presidente interino, em 23 de janeiro, recebendo o apoio de cerca de 50 países, liderados pelos Estados Unidos.
Questionado se autorizaria uma intervenção militar americana, o líder venezuelano disse fará tudo o que for necessário para "salvar vidas humanas e para que não continuem morrendo crianças", declarou. "Vamos fazer o que for que tenha menor custo social, que gere governabilidade e estabilidade para poder atender a emergência”, disse. Segundo ele, entre 23 e 30 de janeiro, o Faes, uma unidade das Forças Armadas, assassinou a sangue frio 70 jovens.
“O que Maduro faz é tentar ter um inimigo exterior, tentar criar alguma causa comum com parte da esquerda mundial, mas isso não é uma questão de esquerdas ou direitas, é uma questão de humanidade, e nós faremos tudo que tenhamos que fazer de forma soberana, autônoma, para conseguir o fim da usurpação, o governo de transição e eleições livres", ressaltou.
Ajuda humanitária e militares
Sobre a entrada de ajuda humanitária no país, Guaidó declarou saber que existe um bloqueio em Tienditas, na fronteira com a Colômbia, e que as Forças Armadas têm um dilema importante. "Quando tivermos um número suficiente de produtos vamos fazer uma primeira tentativa de entrada. Seria quase miserável não aceitá-la. No sábado e no domingo teremos a conformação de um grande voluntariado para ir buscá-la, se for necessário, nos pontos de entrada", completou. "Será um dilema importante para os militares. É uma ordem que demos a eles. Eles terão a decisão de tomá-la. Isto pode dar passagem também a um governo de transição".
Contatos com outros países
Na entrevista, o presidente autoproclamado declarou estar em contato com a maioria dos países do mundo e “aberto para o diálogo”. Segundo ele, “tanto Moscou como Pequim têm muita clareza sobre a situação venezuelana, que Maduro não tem apoio popular, que não pode estabilizar a economia, que produziu a maior inflação do mundo, que contraiu o PIB em 53 pontos em cinco anos, tendo as maiores reservas de petróleo do planeta".
Ele também contou ter entrado em contato com o FMI para um eventual resgate financeiro. "Sim, estamos avançando não apenas com o Fundo, mas também com todas as multilaterais dispostas a se prestar a um esquema saudável de auxílio financeiro. Se conseguirmos captar 15%, 20% ou 30% dos fundos desviados pela corrupção, entre US$ 300 e 400 bilhões de dólares, teremos um avanço para o resgate". Guiadó também acredita que Maduro está se isolando. "Cada dia que estou livre, exercendo minhas funções, é um dia de vitória da democracia, um dia que Maduro continua se isolando. Acredito que ele sai perdendo todos os dias", concluiu.
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