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Linha Direta

Divergências no Grupo de Contato sobre Venezuela podem dificultar saída para crise

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O Grupo de Contato Internacional sobre a Venezuela, formado por oito países europeus e quatro latino-americanos, se reúne nesta quinta-feira (7) em Montevidéu, no Uruguai, para tentar discutir e facilitar uma saída pacífica e democrática para a crise na Venezuela. No entanto, já existem divergências entre os próprios integrantes, o que aumenta a possibilidade de que os diálogos sejam tensos.

Venezuelanos atravessam a Ponte Internacional Simon Bolívar, na fronteira entre Tachira, na Venezuela, e Cucuta, na Colômbia, em 6 de fevereiro de 2019.
Venezuelanos atravessam a Ponte Internacional Simon Bolívar, na fronteira entre Tachira, na Venezuela, e Cucuta, na Colômbia, em 6 de fevereiro de 2019. Raul ARBOLEDA / AFP
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O objetivo declarado do grupo é o de ajudar a Venezuela a encontrar uma saída pacífica e democrática para a crise, através de eleições presidenciais. Os países querem contribuir na criação das condições para esse processo de eleições livres e transparentes. Para isso, propõem o diálogo.

São oito os integrantes europeus: Portugal, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha Holanda, Suécia e Itália. Pelo lado dos latino-americanos, está o anfitrião Uruguai, além de Equador, Costa Rica e Bolívia.

O México seria o quinto país da região. Foi um dos que convocou à reunião. No entanto, informou que vai participar do encontro, mas que não vai integrar o grupo.

A Itália participa, mas o país foi o único europeu a não apoiar o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

O Grupo de Contato Internacional terá diferentes fases à medida que obtiver resultados. Eles serão avaliados depois dos 90 dias iniciais - prazo estabelecido para que o grupo apresente progressos que justifiquem a sua continuidade.

Contradições dentro do grupo

É possível que não haja nenhum resultado concreto nesta reunião, mas o começo de uma construção política internacional para caminhos e consensos. A reunião desta quinta-feira não é uma instância de negociação, mas de aproximação.

O problema é que o próprio grupo tem as suas contradições. Em primeiro lugar, nasceu como um grupo de países supostamente neutros em relação à situação política na Venezuela. No entanto, na segunda-feira (4), quase todos os seus integrantes europeus, com exceção da Itália, deram apoio explícito ao opositor Juan Guaidó. Ao mesmo tempo, a Bolívia sempre foi um importante aliado de Nicolás Maduro.

Se o grupo ganhar força e credibilidade diante dos atores internacionais e internos na Venezuela, pode frear a postura mais enfática dos Estados Unidos. Além disso, na reunião de hoje, podem surgir nomes que construam uma ponte de diálogo entre as forças políticas venezuelanas com o fim de distender a situação.

Um dos riscos que o grupo corre é de não chegar a um consenso e acabar reproduzindo internamente a polarização que existe hoje entre os extremos internacionais representados, por um lado, pelo Grupo de Lima em e pelos Estados Unidos em particular, e, por outro, pela Rússia e a China.

Outro risco é que os atores internos na Venezuela não queiram saber de diálogo ao longo desses três meses de duração inicial do grupo. O período é uma eternidade para a atual situação no país.

Por outro lado, há ainda o risco de que Nicolás Maduro se aproveite da boa fé do grupo para ganhar tempo e conseguir desarticular a oposição.

Reação do governo e oposição

Nicolás Maduro é a favor e já disse esperar que o grupo consiga criar uma "mesa de diálogo". Em sintonia com Maduro, a Rússia também apoia o grupo.

Já Juan Guaidó e os países integrantes do Grupo de Lima, entre eles o Brasil, acham que essa forma de diálogo só vai permitir que o presidente venezuelano ganhe tempo. Consideram que essas iniciativas sempre foram usadas por Nicolás Maduro como manobra para dilatar a situação.

Juan Guaidó já avisou que "nunca mais" a oposição na Venezuela vai aceitar um "falso diálogo" que permita a Maduro continuar no poder. O opositor afirmou claramente que rejeitará qualquer diálogo que prolongue o sofrimento da população venezuelana.

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