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Colômbia/atentado

Atentado na Colômbia é retorno a tempos de Pablo Escobar

Um homem explodiu um carro-bomba nesta quinta-feira (17) em uma academia de polícia no sul de Bogotá. O ataque deixou 21 mortos e 68 feridos, segundo o governo. De acordo com Camilo González Posso, fundador do Instituto de Estudos e Desenvolvimento para a Paz, não houve nenhum atentado parecido desde os tempos da guerra do narcotráfico, nos anos 1980 e 1990.

Um homem explodiu um carro-bomba nesta quinta-feira em uma academia de polícia no sul de Bogotá.
Um homem explodiu um carro-bomba nesta quinta-feira em uma academia de polícia no sul de Bogotá. REUTERS/Luisa Gonzalez
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O autor do ataque foi identificado como sendo o colombiano José Aldemar Rojas Rodríguez. Ele entrou às 9h30 local (12h30 de Brasília) em uma caminhonete na Escola de Oficiais General Francisco de Paula Santander, no sul da capital colombiana. Rojas Rodríguez morreu no ataque. Por enquanto, não há informação sobre possíveis ligações do autor com grupos armados que operam no país. Para o especialista colombiano, “deve haver um cérebro por trás do ataque, que não parece ser suicida”. Ele lembrou que a escola é protegida, o que mostra que há uma “organização técnica por trás” do atentado.

Segundo González, o ataque lembra os métodos terroristas usados pelos narcotraficantes nos anos 80 e 90, época em que o país se tornou o principal produtor de cocaína no mundo e um dos principais exportadores de heroína. Essa página obscura da história colombiana foi protagonizada por Pablo Escobar, chefe do cartel de Medelín, assassinado em 1993, e posteriormente pelo cartel de Cali. “Desde a época em que Pablo Escobar explodia carro-bombas nos centros comerciais e Bogotá vivia em um clima de terror, não houve nenhum atentado similar”, declarou o especialista colombiano em entrevista à redação em espanhol da RFI.

“Não é um ataque contra a juventude, nem contra a força pública ou a polícia, é um ataque contra toda a sociedade”, reagiu o presidente colombiano Iván Duque Márquez. “Os colombianos nunca se submeteram ao terrorismo e sempre o derrotaram. Esta não será uma exceção à regra”, completou. Duque pediu colaboração dos colombianos para "desmantelar a estrutura criminosa" que executou o ataque, embora não tenha mencionado nenhuma organização específica.

“Grande explosão”

Entre as vítimas estão duas equatorianas. Uma delas, a cadete Erika Chicó, morreu na explosão, e Carolina Sanango sofreu ferimentos leves. Dois cadetes panamenhos também ficaram feridos no atentado, de um grupo de 45 alunos da academia procedentes do Panamá, informou o presidente panamenho, Juan Carlos Varela.

O veículo usado no ataque tinha passado por uma revisão em julho de 2018, em Arauca, na fronteira com a Venezuela, e explodiu durante uma cerimônia de promoção de oficiais e cadetes. "Ouvi como se o céu tivesse caído na minha cabeça. Foi uma explosão muito grande e, quando saí, havia muita fumaça", disse Rocío Vargas, vizinha do local. Segundo relatos da polícia, um cão farejador detectou os explosivos. Quando foi descoberto, Rojas acelerou o carro e atropelou um policial. Três militares foram atrás do veículo que, segundos depois, explodiu.

Paz relativa

A Colômbia passa por um período de paz desde que o governo fechou um acordo com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), oferecendo um espaço na vida política do país em troca do abandono da guerrilha. Em fevereiro de 2003, quando os rebeldes da Farc detonaram um carro-bomba no clube El Nogal, quando trinta e seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.

Duque, que assumiu o cargo em agosto de 2018, tem endurecido a política de combate às drogas no país, que continua sendo o maior produtor de cocaína do mundo, e estabeleceu condições para reavivar as negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa no país.

Além do ELN, também operam no país gangues de narcotráfico de origem paramilitar e dissidências das Farc, que lutam pelo controle territorial. Com cerca de 8 milhões de habitantes, Bogotá foi abalada por atos esporádicos de terror em 2017. Em fevereiro daquele ano, o ELN assumiu a responsabilidade por um ataque a uma patrulha policial que matou um soldado e feriu gravemente vários outros no bairro de Macarena, em Bogotá. Nesse mesmo ano, um ataque em um centro comercial de Bogotá deixou três mortos e vários feridos. As autoridades acusaram o Movimento Revolucionário do Povo (MRP), um grupo de esquerda.

Há um ano, a polícia também foi alvo de um ataque a bomba dentro de uma delegacia em Barranquilla. Seis militares morreram e 40 ficaram feridos. Dias depois, o ELN, cuja delegação de paz está em Havana, assumiu a ação.

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