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Linha Direta

Êxodo, miséria e incertezas marcam início de novo mandato de Maduro na Venezuela

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A cerimônia de posse de Nicolás Maduro acontece nesta quinta-feira (10). Desde que assumiu o poder, em 2013, a Venezuela vem passando por diversas e profundas crises. Um dos reflexos da delicada situação do país é o êxodo de mais de quatro milhões de venezuelanos, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Maduro toma posse nesta quinta-feira (10).
Maduro toma posse nesta quinta-feira (10). REUTERS/Marco Bello
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Venezuela

Os ânimos voltaram a esquentar no país após as declarações do Grupo de Lima e da oposição, que se recusam a reconhecer a legitimidade do segundo mandato de Maduro, que começa nesta quinta-feira e vai até 2025.   

Há muita incerteza sobre a situação do país, sobretudo na parte econômica. A hiperinflação minguou o poder de compra do venezuelano e o bolívar soberano, a moeda lançada em agosto passado com a reconversão monetária, já perdeu boa parte de seu valor. Prova disso é a utilização do dólar, ainda de maneira extraoficial, em diversas negociações no cotidiano. Há inclusive inflação sobre o dólar, o que, segundo os economistas, demonstra a implosão da economia venezuelana.

Os alimentos são um dos poucos itens vendidos em bolívares soberanos. O salário mínimo, pago na moeda local, é equivalente a seis dólares. No entanto, de acordo com o Centro de Documentação e Análise Social (Cendas), o gasto básico mensal em alimentos para uma família de poucos integrantes seria o equivalente a 300 dólares, valor excessivo para a maioria dos cidadãos.

Além do numeroso êxodo de pessoas, outra consequência do caos no país é o aumento de pedintes e da população em situação de rua, o emagrecimento do povo e, em casos mais graves, a desnutrição entre crianças e idosos. Mas a gasolina, que às vezes desaparece dos postos de abastecimento, ainda é a mais barata do mundo.

Perspectivas de piora

Analistas indicam a situação vai piorar e que as pessoas vão continuar a sair do país. Um estudo da ONU aponta que diariamente cerca de cinco mil pessoas deixam a Venezuela em busca de melhores condições. Nicolás Maduro afirma que 2019 é o ano da recuperação econômica, mas ele já fez esta promessa em anos anteriores.

O presidente disse que no dia da posse fará novos anúncios econômicos, e a população aguarda sobressaltada sem saber o que esperar. Os poucos negócios que continuam abertos no país funcionam precariamente, quase sem produtos e com poucos funcionários. O cenário é o de um país abandonado, com ruas vazias, com iluminação pública precária, quase sem transporte público, falta mão de obra qualificada. A cara da Venezuela é a de um país abandonado e sem rumo.

Êxodo ameniza déficit habitacional

Por muitos anos em todo o país houve um déficit habitacional. Com a saída de mais de quatro milhões de venezuelanos, de acordo com a ONU, agora há uma relativa flexibilidade neste setor. Há abundantes ofertas de compra, venda e aluguel de imóveis em todo o país e este mercado está relativamente aquecido. Quem tem alguma economia está investindo em imóveis.

Em outros casos, com as remessas de dinheiro enviadas por venezuelanos, as famílias que continuam no país conseguiram alugar moradias mais espaçosas. As remessas familiares também deram certo poder de compra aos que continuam por aqui, evitando assim que a situação dos venezuelanos no país seja ainda mais dramática. Mas o que mais chama a atenção é a construção de altos edifícios, que podem ser residenciais ou comerciais, em diversas áreas da capital Caracas. Há investimentos no setor de construção país, mas ainda não é claro para muitos a origem deste dinheiro que constrói a Venezuela de Nicolás Maduro.

Grupo de Lima não reconhece novo governo

No âmbito político a situação volta a ficar tensa a partir das declarações do Grupo de Lima. Composto por países da região, entre eles o Brasil, o Grupo afirmou que não irá reconhecer o governo de Nicolás Maduro após 10 de janeiro. Além disso, a nova presidência das Assembleia Nacional, de maioria opositora, afirma que, a partir desta quinta-feira, Nicolás Maduro, ao permanecer no cargo, estaria usurpando a presidência.

A oposição alega que as eleições presidenciais, realizadas antecipadamente em maio do ano passado e sabotadas pelos opositores, não são legítimas. Diosdado Cabello, homem forte do chavismo, ordenou aos tribunais venezuelanos que abram investigações por traição à pátria àqueles que apoiem as declarações do Grupo de Lima. Já os partidários do governo defendem a posse de Maduro e afirmaram que, se preciso for, pegarão em armas.  

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