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G20/Argentina

G20 deve terminar sem consenso sobre guerra comercial e acordo climático

A Cúpula de Líderes do G20 deve terminar neste sábado (1°) sem um acordo formal sobre dois pontos cruciais de conflito: a disputa comercial do “protecionismo contra o livre comércio" (Estados Unidos e China), e também sem um compromisso dos estados Unidos com o Acordo Climático de Paris.

Dirigentes do G20 reunidos em Buenos Aires, na Argentina, em 30 de novembro de 2018. A chanceler alemã Angela Merkel não conseguiu chegar a tempo para a foto.
Dirigentes do G20 reunidos em Buenos Aires, na Argentina, em 30 de novembro de 2018. A chanceler alemã Angela Merkel não conseguiu chegar a tempo para a foto. REUTERS/Marcos Brindicci
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Sem consenso no G20, a disputa comercial deverá constar do menu do jantar que o norte-americano Donald Trump terá com o seu rival chinês Xi Jinping. Um sinal de trégua é possível, mas sem que o conflito termine. Uma distensão no meio da batalha.

Haverá uma declaração conjunta diluída que não toque nesses pontos de conflito ou não haverá nem mesmo um acordo ao final da cúpula entre as 20 maiores economias do mundo? O término do jogo está em aberto e será decidido nos minutos finais do G20.

Para haver consenso, é necessário que todos os países estejam de acordo. Basta apenas uma discordância para que um ponto de conflito não apareça no documento final. Esse país contra todos é justamente a maior economia do mundo, os Estados Unidos.

Sem acordo no G20, a disputa comercial passa para o jantar que o norte-americano Donald Trump terá com o seu rival chinês Xi Jinping, em Buenos Aires. A reunião acontece depois do G20, e gera mais expectativa do que a própria cúpula.

Sinal de trégua?

Tudo indica que pode haver um sinal de trégua. O conflito comercial vai continuar, mas pode haver compromissos de distensão. No entanto, Donald Trump é sempre imprevisível. Para ele, a aproximação das potências neste sábado depende de um gesto de maior abertura da economia chinesa. A China estaria convicta da necessidade de abrir gradualmente a sua fechada economia. Trump é um obstáculo para a China, mas a guerra comercial também atinge a economia norte-americana.

Os Estados Unidos consideram a China "um país predador", conforme a nota emitida nas últimas horas pela porta-voz da Casa Branca, Sarah Danders: "A atividade econômica da China é depredadora", disse.

No primeiro dia do G20, a discussão girou em torno da disputa entre Donald Trump e Xi Jinping. Nesse conflito, dois líderes procuraram, sem sucesso, aproximar as partes: o argentino Mauricio Macri e o canadense Justin Trudeau.

Quando a disputa "protecionismo e livre comércio" se atolava num impasse, Macri pediu a palavra do brasileiro que lidera a Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo. O diretor-geral da OMC defendeu o livre comércio que passa pelas regras da organização. O G20 também discute uma reforma na OMC. Os Estados Unidos são céticos quanto à capacidade da entidade de resolver conflitos, enquanto os demais líderes defendem o multilateralismo.

Macri sabe que a sua missão é quase impossível. Por isso, logo na abertura, disse que a solução é "dialogar". "Essa é a forma de empurrar os limites do possível", indicou.

"Está claro que o consenso não é algo que se construa da noite para o dia. É um processo com avanços e com recuos, e que continua depois do G20", disse Macri, em tom de pedido. Ele tenta, assim, que a reunião, mesmo sem uma solução, signifique o começo de um processo para desativar a bomba comercial que compromete o crescimento econômico do mundo.

Formato do G20

A manutenção do formato anual do G20 é crucial para uma solução rápida de turbulências que afetam os responsáveis por 85% do PIB mundial e por 75% do comércio internacional.

Quando o G20 passou de uma reunião de ministros das Finanças a reunião de líderes em 2008, a missão do foro era o diálogo e a cooperação como instrumentos urgentes de superação da então crise financeira internacional. O formato foi bem-sucedido. Dez anos depois, o grupo deveria resgatar a sua essência, defendem quase todos os líderes.

Depois de emitida a declaração final do G20, o argentino Mauricio Macri, o francês Emmanuel Macron, o canadense Justin Trudeau, o italiano Giuseppe Conte e o turco Recep Tayyip Erdogan falarão com a imprensa.

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