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Argentina localiza submarino desaparecido há um ano

A carcaça do submarino argentino Ara San Juan, desaparecido desde 15 de novembro de 2017 com 44 tripulantes a bordo, foi localizada no fundo do oceano Atlântico, a 800 metros de profundidade, a leste da Península Valdés, na Patagônia argentina.

Familiares das vítimas do naufrágio do Ara San Juan se abraçam ao serem informados da localização do submarino.
Familiares das vítimas do naufrágio do Ara San Juan se abraçam ao serem informados da localização do submarino. REUTERS/Marina Devo
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O anúncio foi publicado neste sábado (17) na conta do Twitter da Marinha argentina. Pouco antes do comunicado oficial, as autoridades argentinas informaram as famílias das vítimas que estão hospedadas há um ano num hotel em Mar del Plata, para acompanhar as buscas e pressionar o governo a esclarecer o mistério em torno do acidente.

O chefe da base naval de Mar del Plata, Gabriel Attis, disse horas após a descoberta que "o submarino sofreu uma implosão". O equipamento "pode ser visto completo, mas obviamente implodiu", disse Attis à imprensa.

Robô de empresa americana quase interrompeu buscas

A localização do submarino foi feita por um robô submarino equipado com câmeras subaquáticas pertencente à empresa americana Ocean Infinity, contratada pela Marinha argentina, que não dispunha dos meios necessários para realizar as buscas em profundidade.

As buscas pelo Ara San Juan começaram 48 horas depois de seu desaparecimento, mas sem sucesso. Desde o fim do ano passado e ao longo de 2018, 13 países reuniram esforços para participar das operações, com navios, aviões e submarinos.

A pressão das famílias dos tripulantes, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da Ocean Infinity para retomar o rastreamento.

A embarcação zarpou em 7 de setembro, com quatro familiares das vítimas a bordo. Esta semana, a Ocean Infinity anunciou que iria suspender as buscas até fevereiro, para realizar uma operação de manutenção na África do Sul. Mas a juíza encarregada do caso, Martha Yáñez, de Caleta Olivia (sul), ordenou que antes de voltar à terra fosse inspecionada uma zona mais longínqua por onde um navio rastreador captou ruídos que poderiam ser compatíveis com pancadas de um casco.

"Vão nos mostrar fotos"

No hotel em Mar del Plata, os meses de angústia vividos pelos familiares dos tripulantes foram substituídos pelo alívio.

"Nós estamos destruídos, eles dizem que vão nos mostrar fotos, acabou, fomos pegos de surpresa, achamos que o barco estava indo embora, achamos que eles não o encontrariam", disse Yolanda Mendiola, cujo filho Leandro Cisneros, de 28 anos, estava a bordo do San Juan. "Agora, eu acho que eles vão trazê-lo de volta; eles nos avisaram que se estivesse a pelo menos 1.200 metros, eles tinham a tecnologia para tirá-lo do fundo", acrescentou.

"Eu ainda tinha esperança de que eles estivessem vivos", disse Luis Niz, pai de um dos tripulantes, com a garganta apertada.

"Graças a Deus, conseguiram encontrar o submarino", disse ao canal argentino Todo Notícias o porta-voz da Marinha Rodolfo Ramallo. Ainda não há informações sobre o estado da embarcação.

"Agora, é outro capítulo que se abre", continuou o porta-voz. Uma inspeção do casco e do interior de San Juan ajudará no avanço da investigação e explicará porque o submarino afundou.

"Agora queremos saber o que aconteceu", diz Yolanda Mendiola, "houve fracassos, com certeza, a justiça deve investigar, se houver culpado, eles devem ser punidos. Eles eram 44".

A descoberta vem depois de uma homenagem aos 44 marinheiros, na base naval de Mar del Plata, na presença do presidente argentino, Mauricio Macri, por ocasião do primeiro aniversário de seu desaparecimento.

A Ocean Infinity chegou a um acordo com o Estado argentino de que receberia US$ 7,5 milhões se localizasse o San Juan. As mortes dos marinheiros afetaram profundamente a Argentina.

O submarino diesel-elétrico de fabricação alemã, adquirido em 1985, era um dos três submarinos da Marinha argentina. Em 2014, ele havia sido reabilitado, e o sistema de baterias havia sido trocado.

A detecção de uma explosão submarina na área de operações do submersível credencia a tese de uma explosão a bordo, provavelmente das baterias que impulsionavam o submarino. Antes de desaparecer, o comandante relatou um problema com as baterias, que, segundo ele, não constituía um obstáculo à navegação para sua base em Mar del Plata. A entrada de água em uma válvula defeituosa do sistema de ventilação dos motores durante as subidas para a superfície é a hipótese privilegiada pelos especialistas.

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