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Para oposição, Nicarágua entra em fase de repressão mais sofisticada e seletiva

Depois da declaração do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, proclamando a paz e o fim do "terrorismo" no país, a oposição reafirma a força dos protestos. O dirigente de oposição, José Pallais, afirmou à RFI que o povo nicaraguense "continuará a luta". O governo passou para uma repressão mais "sofisticada e seletiva", denuncia ele.

Protestos contra o governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, já duram mais de cem dias.
Protestos contra o governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, já duram mais de cem dias. MARVIN RECINOS/AFP
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Daniel Ortega, em uma cerimônia em Manágua, por ocasião do 39º aniversário da Força Aérea do Exército, culpou o "terrorismo" pelos protestos que vêm ocorrendo desde 18 de abril contra seu governo e que já deixaram mais de 300 mortos. "Estamos muito honrados em comemorar este aniversário em paz, algo que parecia difícil há algumas semanas", disse Ortega.

Segundo o presidente, "o país estava atolado em terror", mas com a tomada de Masaya, a última cidade nas mãos da oposição, "a economia e a ordem estão começando a se recuperar".

Oposição reage

Enquanto o chefe de Estado proclamou a paz na Nicarágua, a oposição denunciou um aumento nas perseguições contra os manifestantes. O líder da Frente Ampla pela Democracia (FAD), José Pallais, disse à RFI que “Ortega se equivoca se acha que com a repressão e uma montanha de assassinatos vai conseguir estabelecer a paz dos cemitérios”.

Ele afirma que a oposição não deixou de protestar em nenhum momento e ressalta que as manifestações pacíficas vão continuar até conseguirem suas demandas de justiça, democracia e eleições antecipadas.

Para Pallais, a repressão na Nicarágua entra agora em uma fase “mais sofisticada” e “mais seletiva”. Segundo ele, as novas estratégias do Estado incluem “confisco de terras de empresários e sequestro ilegal, durante a noite, sem ordem judicial, dos opositores mais ativos." Além disso, sobre as batidas policiais noturnas, Pallais acrescentou: "Elas incluem o saque de bens que têm algum valor e, em alguns casos, a destruição e a queima de casas".

Onda migratória

Diante dessa situação de violência, milhares de pessoas têm deixado o país. Segundo as Nações Unidas, pelo menos 23 mil se refugiaram desde abril na vizinha Costa Rica.

"Nos últimos meses, o número de pedidos de asilo apresentados por nicaraguenses na Costa Rica e outros países aumentou de forma exponencial", declarou o porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, em uma entrevista coletiva em Genebra. De acordo com o organismo, o governo costa-riquenho foi o que mais recebeu solicitações de asilo, ainda que Panamá, México e Estados Unidos também tenham registrado uma tendência de alta durante o primeiro semestre de 2018, com um avanço significativo em junho.

Os números totais são desconhecidos, mas no caso da Costa Rica foram registrados quase 8 mil pedidos de asilo de cidadãos nicaraguenses desde abril e 15 mil pessoas estão na lista de espera. Atualmente, o governo costa-riquenho registra 200 solicitações diariamente, segundo a ACNUR, que deseja ajudar o país a aumentar este número para pelo menos, 500 por dia.

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