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Brasil-América Latina

Bandas cover argentinas tentam conquistar cena musical no Brasil

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As bandas cover argentinas que querem se consolidar têm no mercado brasileiro uma extensão natural das suas fronteiras. Nessa estrada de mão dupla, os grupos brasileiros também começam a despertar o interesse pela Argentina.

Qualquer semelhança com o original não é mera coincidência.
Qualquer semelhança com o original não é mera coincidência. M. Resende
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Sabe aquele seu grupo ou artista internacional favorito que raras vezes visita o seu país? E quando finalmente vem, cobra bem caro por uma entrada e, mesmo assim, você provavelmente fique bem longe do palco. E se você mora no interior, mais caro e mais difícil ainda. Pois esses são os principais motivos que alimentam um mercado crescente: o das bandas cover ou tributo.

Não há números sobre esse mercado paralelo, mas os músicos que estão na estrada percebem um aumento nítido da quantidade de bandas cover, de grupos do exterior representados aqui, de casas de show contratantes e da demanda popular.

"Hoje em dia, há um grande público para as bandas cover. É difícil para todo mundo assistir a uma banda principal porque são shows caríssimos, porque o público é carente desse tipo de bandas e porque quer estar junto de outros fãs com o mesmo gosto", explica o produtor musical carioca, Julio Oliveira, há dez anos representante de cinco bandas cover.

Ao mesmo tempo, a facilidade de acesso à informação sobre as bandas originais permitiu o surgimento de uma geração que manifesta a sua paixão através da rigorosidade com cada detalhe de roupa, de instrumentos e de efeitos. É que, do outro lado, a exigência dos fãs é total.

Próximo destino: Brasil

As bandas cover argentinas que querem ganhar espaço neste mercado olham para o Brasil como uma extensão natural das suas fronteiras.

O guitarrista e vocalista, Andy Buonfrate, do "Kiss Alive", um dos melhores covers no mundo, tem como grande objetivo levar a reprodução perfeita do Kiss para o público brasileiro.

"Eu acredito que qualquer banda que se aprecie tem vontade de ir ao Brasil porque é um mercado muito grande e porque se eu for ao Brasil, vão me olhar aqui de outra forma. Nós, do Kiss Alive, adoraríamos ter a oportunidade de tocar no Brasil", deseja Andy, quem diz acompanhar o desempenho da banda brasileira Killers Kiss Cover.

"Eles fazem um ótimo cover do Kiss e trabalham muito, praticamente todos os fins de semana. Aqui não temos tanto mercado", compara. "Sinceramente, assim como queremos ir ao Brasil, queremos que eles venham porque seria uma forma de intercambiar experiência", indica Andy.

O vocalista Joel Parodi, da banda The Rolling Star, já tornou o "destino Brasil" uma realidade. Viaja duas ou três vezes por ano em turnês pelo sul do país. O músico acaba de chegar de seis shows no Rio Grande do Sul e já se prepara para uma nova viagem.

"Para nós, argentinos, o Brasil é a meca da América Latina. Resguardando as proporções, é como um mexicano fazer shows nos Estados Unidos. O nosso objetivo, se Deus quiser, é chegar ao Rio de Janeiro", aponta Joel.

300 shows no Brasil

Desde 2008, Joel Parodi já tinha a banda cover dos Beatles, "The Beetles" com a qual já fez 800 shows no Brasil e apenas 100 na Argentina. Em 2013, quando se completaram 50 anos do nascimento dos Rolling Stones, Joel resolveu aproveitar a sua semelhança com aquele jovem Mick Jagger dos anos 60, para formar a única "banda clone" dos Rolling Stones no mundo. Usa o mesmo figurino e os instrumentos originais do começo do grupo londrino. Desde então, já foram cerca de 300 shows no Brasil.

"Para nós da Rolling Star, cerca de 80% das nossas apresentações são no Brasil. A banda foi criada para fazer shows no Brasil. Gostamos muito de nos apresentar lá", revela. "O público brasileiro tem mais respeito que nós argentinos. Quando você vai fazer um show cover lá, respeitam; aqui, te dizem: 'Ah, esse cara se acha o Mick Jagger'. Eu amo o público brasileiro", declara-se.

Intercâmbio musical entre Brasil e Argentina
 

Se o objetivo dessas bandas é chegar ao Rio de Janeiro, o produtor musical, Julio Oliveira, tem experiência. Com dez anos como representante de bandas cover brasileiras como a Purano, famosa no cenário carioca pelo cover do Pearl Jam, Julio quer agora receber bandas argentinas, mas também trazer grupos brasileiros a Buenos Aires.

"Tenho recebido vários vídeos de bandas cover argentinas. São simplesmente espetaculares. Seria muito interessante trazer algumas bandas da Argentina ao Brasil, especificamente ao Rio de Janeiro. Mas o que eu mais adoraria fazer mesmo é um intercâmbio. Também levar bandas do Rio para a Argentina", projeta. "Seria simplesmente espetacular a abertura de portas para coisas bem maiores", acredita. 

Mão dupla da música

Deste lado da fronteira, Rogelio Rugilo, conhece esse objetivo dos músicos argentinos de partirem rumo ao Brasil, mas observa um interesse pela mão dupla da música entre os dois países no seu trabalho diário como produtor, dono de um pub especializado em bandas de blues e rock, de uma rádio digital e de um selo discográfico.

"Aqui eu trabalho com várias bandas cover, algumas das melhores da Argentina. Muitas tentam ir ao Brasil e muitas já vão há anos. Como produtor, já levei alguns grupos argentinos ao Brasil. Por outro lado, não necessariamente cover, mas a este local vêm muitas bandas e músicos do Brasil, sobretudo de blues", descreve Rogelio, dono do Pub Mr Jones Blues & Rock, da rádio Mr Jones Live (www.mrjoneslive.com) e da gravadora MJ Records.

Nesse circuito cover, existe um contrato tácito. Por algumas horas, a cópia se sente e é vista como o original para que a fantasia se torne realidade. Tudo em nome da paixão pela música.

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