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Eleição

Candidatos da direita e da esquerda radical disputarão segundo turno na Colômbia

O candidato da direita, Iván Duque, e o ex-guerrilheiro Gustavo Petro se enfrentarão no segundo turno das eleições presidenciais na Colômbia, após a eleição deste domingo (27). A votação está marcada para 17 de junho.

O candidato Gustavo Petro pelo partido Colombia Humana (esq.) e o candidato Ivan Duque pelo partido Centro Democrático.
O candidato Gustavo Petro pelo partido Colombia Humana (esq.) e o candidato Ivan Duque pelo partido Centro Democrático. Luis ACOSTA, Raul ARBOLEDA / AFP
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Segundo resultados praticamente definitivos do primeiro turno, Duque obteve 39,11% dos votos, seguido por Petro, ex-prefeito de Bogotá e ex-guerrilheiro da dissolvida guerrilha M-19, hoje partido político, com 25,10%. O governador de centro Sergio Fajardo ficou em terceiro lugar, com 23,77% dos votos. O segundo turno será celebrado em 17 de junho.

A Colômbia foi às urnas para eleger o primeiro presidente que governará sem a ameaça guerrilheira das Farc em meio século, num duelo inédito entre a direita conservadora e a esquerda radical. Paradoxalmente, o acordo de paz com a antiga guerrilha, hoje transformada em partido político, dividiu os eleitores.

Duque, de 41 anos, defensor de valores tradicionais e da redução de impostos; e Petro, de 58, que promete profundas reformas econômicas, entre elas a taxação da terra improdutiva, despontavam como favoritos.

"Quero um país de legalidade, de luta frontal contra a corrupção, um país onde se respire segurança em todo território. Quero um país de empreendimento", afirmou Duque, ao votar em Bogotá.

Já Petro defendeu "um presente e um futuro" sem ódio nem vingança, que deixe para trás "o maquinário da corrupção".

A votação transcorreu em "plena normalidade", segundo a autoridade eleitoral. Em Bogotá, houve grande mobilização de eleitores. O acordo de paz, que está no centro das divisões, possibilitou eleições seguras. Assim como as legislativas de março, nas quais a direita conservadora venceu, este foi o primeiro pleito "sem a ameaça do conflito armado" com as Farc, destacou o presidente Juan Manuel Santos.

Polarização

O fim de meio século de conflito com os rebeldes marxistas pôs sobre a mesa preocupações como a corrupção, a desaceleração econômica, os serviços de saúde e o retorno do tráfico, que castiga as fronteiras com a Venezuela e o Equador.

O pacto com o agora partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), que retirou seu candidato da corrida presidencial por problemas de saúde, operou, porém, como um divisor de águas. "A Colômbia está polarizada desde antes das eleições. A polarização ficou evidente nas campanhas pelo 'sim' e pelo 'não' do plebiscito" pela paz, afirma Andrés Macías, pesquisador da Universidade Externado.

Embora os opositores do acordo tenham vencido por uma estreita margem, Santos levou adiante o pacto que desarmou, no ano passado, cerca de 7.000 combatentes. Ainda falta, contudo, implementar o sistema de justiça que garanta "verdade e reparação" a milhões de vítimas. Outra pendência envolve a reforma agrária, que poderia evitar o reativamento do conflito.

Rodrigo Londoño, mais conhecido como "Timochenko", o presidenciável da Farc que retirou sua candidatura, votou no sul de Bogotá pela primeira vez em sua vida, conforme assinalou.

Herdeiro político do ex-presidente Álvaro Uribe, Duque promete modificar o pacto de paz de 2016 para impedir que os rebeldes que já entregaram as armas, e estão envolvidos em crimes atrozes, possam atuar na política sem antes cumprir um mínimo de tempo na prisão.

Petro, que militou nos anos 1980 no extinto movimento M-19, pretende honrar os compromissos que garantem que os ex-líderes guerrilheiros recebam penas alternativas à prisão, se confessarem seus crimes, e indenizarem as centenas de milhares de vítimas de um conflito que também contou com a participação de paramilitares de ultradireita e de agentes do Estado.

Também disputaram as eleições o candidato independente de centro Sergio Fajardo e o ex-vice-presidente Germán Vargas, o ex-negociador de paz com as Farc Humberto de la Calle e o evangélico Jorge Trujillo.

Nenhum candidato reivindicou as bandeiras de Santos, que deixará o poder em agosto, após dois mandatos de quatro anos marcados pela baixa popularidade.

Preocupação venezuelana

O fluxo migratório provocado pela crise na Venezuela ganhou espaço no debate eleitoral colombiano. Nos últimos dois anos, entraram no país 762.000 venezuelanos, dos quais 518.000 pretendem se instalar no território.

Bogotá, que prevê aderir à aliança militar da Otan para desgosto de Caracas, que vê a Aliança Atlântica como uma ameaça, praticamente não tem relações com o governo reeleito de Nicolás Maduro.

Nessa briga, Petro ganhou força e conseguiu apoio de segmentos da sociedade com seu discurso antissistema, a favor do meio ambiente, das minorias e de uma economia independente do petróleo. Candidato do movimento Colômbia Humana, o ex-prefeito da capital resgatou espaço para a esquerda no debate político.

"Foi um prefeito (de Bogotá) que ajudou os pobres e os idosos", disse Gladys Cortés, uma empregada doméstica de 60 anos que votou em Petro após vários anos sem ir às urnas.

"Aqui, essas reformas são consideradas extremistas, porque vivemos em um feudalismo bastante manchado pelo narcotráfico", disse Petro à AFP.

Já Duque batalhou para não parecer um "fantoche" de Uribe, embora tenha a mesma agenda: investimento privado, Estado austero e valores familiares tradicionais. O candidato da direita também propõe "recuperar a economia, eliminando o desperdício", mediante uma reforma para reduzir o funcionalismo público.

"O que me estimula é manter a ordem no país", afirmou Paula Rubio, de 38, após votar na direita.

Com informações da AFP

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