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G20/Venezuela

Reunião do G20 em Buenos Aires vira tribuna para criticar eleição na Venezuela

Em paralelo às reuniões do G20 em Buenos Aires, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, os governos de Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos e México atacaram nesta segunda-feira (21) o resultado da eleição presidencial realizada na véspera na Venezuela. Segundo eles, trata-se de "um ilegítimo processo eleitoral", cujo resultado desconhecem.

Ministro mexicano das Relações Exteriores, Luis Videgaray Caso, criticou eleição venezuelana ao lado dos representantes da diplomacia da Argentina, Chile e Canadá.
Ministro mexicano das Relações Exteriores, Luis Videgaray Caso, criticou eleição venezuelana ao lado dos representantes da diplomacia da Argentina, Chile e Canadá. REUTERS/Marcos Brindicci
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Correspondente da RFI em Buenos Aires

As declarações reforçam o documento emitido anteriormente pelo Grupo de Lima, somando Austrália e Estados Unidos, que "considerarão possíveis medidas políticas e econômico-financeiras contra o regime autoritário de Nicolás Maduro, mas sem afetar o povo venezuelano, primeira vítima da ruptura democrática na Venezuela".

O texto também define como "alarmante e crescente" o êxodo de "mais de 900 mil venezuelanos" a vários países da região. "Uma situação de emergência que significa uma ameaça para a estabilidade e para a segurança regional", advertem.

"Não podíamos manter este encontro sem fazer uma referência às eleições na Venezuela", disse o chanceler argentino, Jorge Faurie, anfitrião da reunião.

Brasil preferiu não se associar ao novo manifesto

Segundo fontes do Itamaraty consultadas pela RFI, o Brasil não se somou a este novo documento por entender que "já emitiu uma nota de forma individual e outra através do Grupo de Lima, considerado pelo governo brasileiro como o foro adequado para a questão venezuelana". De fato, Rússia e Turquia, integrantes do G20 e aliados de Nicolás Maduro, bloqueiam a questão venezuelana no Grupo. Por outro lado, o G20 inclui países de fora da região.

O Brasil foi representado na reunião do G20 pelo secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, já que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, está na Ásia. No próximo dia 25, em Seul, o chanceler vai representar o Brasil no lançamento das negociações entre o Mercosul e a Coreia do Sul para um acordo de livre comércio.

"Emitimos um alerta ao sistema financeiro mexicano para que se abstenham de operações com a Venezuela que devam passar pela Assembleia Nacional (Congresso venezuelano)", anunciou o secretário de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray Caso. "Ficou vulnerada a capacidade do povo venezuelano de exercer a autodeterminação, elegendo o seu próprio governo", concluiu.

"O Chile considera as eleições na Venezuela como viciadas e ilegítimas. O processo foi marcado por irregularidades inaceitáveis para um país democrático", sentenciou o ministro das Relações Exteriores chileno, Roberto Ampuero. Embora não faça parte do G20, o país foi convidado à reunião pela Argentina, país que exerce a Presidência do grupo.

O vice-secretário dos Estados Unidos, John Sullivan, acusou o "regime de manipular o processo", instou Maduro a restabelecer a democracia e definiu a necessidade de uma assistência sanitária na Venezuela como "desesperante".

Necessidade de reforçar as instituições multilaterais

A reunião de ministros das Relações Exteriores e representantes do G20 terminou com a promessa de reforçar as instituições multilaterais, atualmente questionadas. O grupo traçou como objetivo chegar à reunião de setembro próximo com um documento que permita avançar no desafio de um desenvolvimento equitativo e sustentável.

Essa meta inclui convergir a formação educativa com o trabalho, considerando a influência da nova tecnologia no mundo profissional. "Precisamos calibrar novamente o sistema educativo rumo ao trabalho moderno", apontou o chanceler argentino, Jorge Faurie.

Outro aspecto é reformar o sistema multilateral para enfrentar os novos desafios numa clara oposição ao unilateralismo do governo de Donald Trump. "Queremos manter o multilateralismo mesmo que seja necessário reformar o sistema", indicou Faurie.

As declarações vagas ocorrem mesmo depois de o presidente argentino, Mauricio Macri, ter pedido que os chanceleres deixem de lado "as posições confortáveis". "Espero que deixemos as declarações amplas, confortáveis, e que definamos coisas precisas", pediu Macri ao receber as delegações.

A Presidência argentina do G20 incluiu três assuntos como eixo do debate: o futuro do trabalho, infraestrutura para a desenvolvimento e o futuro alimentar sustentável.

A reunião do G20 aconteceu em meio à turbulência financeira que afeta os países emergentes representados no grupo como Brasil, México, Indonésia, África do Sul, Turquia e Argentina. Este último, aliás, o país mais afetado de todos, devido à sua vulnerabilidade externa que levou o governo a pedir um socorro financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

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