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Venezuela/Crise

Venezuelanos vão às urnas em meio à pior crise econômica dos últimos 50 anos

A campanha para a eleição presidencial antecipada na Venezuela chega em sua reta final. Além da falta de oposição diante de Nicolás Maduro, que coloca em risco a legitimidade do pleito e confirma a instabilidade política, os venezuelanos vão às urnas em plena crise econômica. Segundo números divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o país vive o pior momento das últimas cinco décadas.

Venezuelanos fazem fila para receber comida em abrigo na cidade de Cucuta, na fronteira do país.
Venezuelanos fazem fila para receber comida em abrigo na cidade de Cucuta, na fronteira do país. SCHNEYDER MENDOZA / AFP
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Dominique Baillard, editorialista do serviço de Economia da RFI

O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez tentou reinventar o socialismo, se apoiando na galinha dos ovos de ouro do país: as maiores reservas petrolíferas do mundo. No entanto, a queda do preço do brut afetou a estabilidade venezuelana. A PDVSA, empresa nacional petrolífera e principal fonte de renda do regime, se afundou nas dívidas e começou a ser perseguida pelos credores.

Diante desse contexto, as regras do “socialismo bolivariano” implementadas pelo governo, com as nacionalizações e o controle dos preços, parecem ter piorado a situação. Sem esquecer a corrupção, que reforçou a instabilidade. Todos esses fatores desmotivaram os empreendedores locais e afugentaram os investidores estrangeiros. O país, que fabricava 80% de seus bens de consumo há dez anos, agora só produz 20%.

Atualmente, a Venezuela enfrenta uma inflação de mais de 14.000% ao ano, segundo do Fundo Monetário Internacional. Mas esses dados são aproximativos, já que há tempos as autoridades de Caracas se recusam a fornecer estatísticas macroeconômicas ao FMI. Por essa razão, os venezuelanos podem até ser expulsos da instituição, além de serem excluído do mercado internacional da dívida.

Eleição deve ter pouco efeito na crise econômica

Os economistas afirmam que o país tem poucas chances de retomar o crescimento rapidamente, independentemente do resultado das eleições de domingo (20). Segundo o professor Gabriel Gimenèz-Roche, da Neoma Business School, a única salvação possível viria de uma eventual alta do preço do petróleo. Porém, pondera o especialista, mesmo quando a cotação do brut estava no seu nível mais alto, o país já registrava um déficit nas contas públicas gigantesco, entre 15% e 20%.

Além disso, a produção de petróleo venezuelano caiu pela metade nos últimos anos, atingindo atualmente 1,5 milhão de barris, dos quais apenas um terço são exportados. E até mesmo essa fonte de renda pode ser reduzida caso o presidente norte-americano, Donald Trump, cumpra sua ameaça de proibir que os Estados Unidos importem o brut venezuelano.

Aliados tradicionais se afastam

Com o agravamento da situação, os poucos parceiros de Caracas também começam a abandonar o país latino americano. Um banco russo é atualmente o único estabelecimento internacional a aceitar o petro, a cripto moeda emitida pela Venezuela para escapar das sanções norte-americanas. Já a China, outro aliado tradicional de Caracas, se afasta gradualmente do antigo parceiro. Pequim não empresta mais dinheiro aos venezuelanos e já começou a pechinchar o preço dos 300 mil barris de petróleo que compra diariamente de Caracas, que insiste em vender o produto bem acima do preço do mercado.

Esse contexto afeta diretamente a vida da população, com penúria de alimentos e serviços básicos. Segundo números divulgados pelas ONGs de ajuda humanitária, os venezuelanos perderem em 2017, em média, 11 quilos. Associações afirmam que 6 crianças morrem a cada semana vítimas de mal nutrição. Estima-se que pelo menos 1,5 milhão de pessoas deixaram o país e um número equivalente deve emigrar ainda este ano.

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