Elianah Jorge, correspondente da RFI na América do Sul
A votação também esteve marcada pela forte abstenção. Por volta de 4,2 milhões de eleitores estavam registrados para votar, mas apenas 61,31% compareceram às urnas. A votação no Paraguai é obrigatória e manual. Cada eleitor escolheu presidente, governadores, senadores e deputados.
De acordo com a chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia, Renate Weber, o dia transcorreu normal e sem alterações.
No próximo 15 de agosto o atual presidente Horacio Cartes, também do Partido Colorado, entregará a presidência a Abdo. Neste dia também ocorrerá a posse de 45 senadores, 80 deputados e dos 17 governadores eleitos.
Embora a presidência do Paraguai se mantenha nas mãos do Colorado, há fortes rixas internas. O presidente eleito conseguiu criar uma oposição a Cartes dentro do próprio partido.
Herança paterna
Mario, ou Marito, como prefere ser chamado é filho do ex-secretário pessoal do ex-ditador Alfredo Stroessner. Ele conseguiu se desvencilhar do passado do pai, mas não esconde certa admiração pelo homem que governou o país com mão de ferro entre 1954 e 1989. Este período é considerado um dos mais sangrentos na história do Paraguai.
Marito Abdo se formou em Marketing em uma universidade nos Estados Unidos e herdou do pai uma considerável fortuna.
Pelas redes sociais ele agradeceu seus eleitores ao afirmar que “dá para sentir toda a esperança do povo”.
A pequena diferença, de apenas 3% no número de votos, levou o candidato derrotado Efrain Alegre a questionar a legitimidade dos resultados.
Esta foi a segunda vez que Alegre concorreu à presidência. Ele contava com o apoio do ex-presidente Fernando Lugo, que foi destituído do cargo em 2012.
Marito Abdo Benítez tem pela frente o desafio de reduzir a pobreza no país, que chega a 26,4% da população; além de reduzir o desemprego, na casa dos 5,2%, e a informalidade.
Estes dados contrastam com um longo período de crescimento. Este ano o Paraguai, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), deve crescer 4%, número superior às estimativas para o Brasil e a Argentina, de acordo com cálculos deste organismo internacional.