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A Semana na Imprensa

Com caça aos clandestinos, Trump destroi o American Dream, diz revista francesa

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A revista francesa L’Obs desta semana traz uma longa reportagem sobre a situação atual da imigração nos Estados Unidos. O texto explica como as medidas de controle migratório do presidente Donald Trump podem acabar com 50 anos de tradição multicultural norte-americana, marcando o fim do “American Dream”.

Manifestação em defesa dos "Dreamers" nos Estados Unidos
Manifestação em defesa dos "Dreamers" nos Estados Unidos AFP/Frederic J.Brown
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A reportagem explica que um dos símbolos dessa política é o debate sobre os dreamers, grupo de imigrantes em situação irregular, que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças, e que conquistaram uma proteção legal em 2012, durante o governo de Barack Obama. Porém, Trump vem pressionando o Congresso para suprimir o dispositivo, colocando em risco 690 mil pessoas.

Mas, bem além da questão dos dreamers, “a caça aos imigrantes começou bem mais cedo, desde o início da presidência de Trump”, comenta a reportagem. “Entre janeiro e setembro de 2017, a polícia da imigração prendeu mais de 110 mil pessoas e o número de migrantes com ficha limpa detidos dobrou”, relata a revista. Em Atlanta, 90% dos pedidos de asilo são recusados, comenta o texto.

O tempo de residência no território americano ou condições específicas como filhos pequenos, também deixaram de ser um argumento para impedir uma expulsão. L’Obs conta que várias situações absurdas vêm sendo registradas. Como o caso de Jesus Berrones, um mexicano pai de cinco filhos, entre eles um que sofre de leucemia. O jovem vinha sendo ameaçado de ser enviado para seu país natal, que ele deixou quando tinha apenas um ano de idade. A expulsão só não foi concretizada por causa de uma forte mobilização da imprensa local.

Porém, alguns especialistas afirmam que a ambição de Trump vai muito além da caça aos 11 milhões de ilegais. O objetivo do presidente seria, explica a revista, reduzir também a imigração legal no país, impondo, segundo os próprios termos do chefe da Casa Branca, “um sistema fundado no mérito, para receber pessoas preparadas e capazes de ajudar todas as empresas que se instalam nos Estados Unidos”.

A revista explica que essa estratégia é alimentada por mitos bem distantes da realidade. Afinal, analisa o texto, a imigração vinda do México é praticamente inexistente desde 2005. Além disso, dos 44,8 milhões de pessoas nascidas no exterior vivendo nos Estados Unidos, 33,8 milhões estariam em situação regular.

De acordo com a revista francesa, o objetivo não seria econômico, e sim ideológico, dando prioridade para quem nasce em solo nortr-americano ou, em último caso, aos migrantes “nórdicos”. O próprio ministro da Justiça dos Estados Unidos já fez declarações elogiosas a leis que fazem a diferença entre povos “desejados” ou “indesejados” no país. O texto em questão data de 1924 e foi escrito pelo Ku Klux Klan, grupo supremacista branco, sublinha a reportagem.

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