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Estados Unidos

“Fronteiras abertas” aumentaram crimes nos EUA, diz Trump em discurso

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta terça-feira (30) em seu discurso sobre o estado da União no Congresso americano que as "fronteiras abertas" do país permitiram a proliferação de drogas, armas e gangues, que levaram à "perda de muitas vidas inocentes".

Donald Trump durante seu discurso sobre o Estado da União no Congresso
Donald Trump durante seu discurso sobre o Estado da União no Congresso REUTERS/Win McNamee
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Durante o discurso, que durou mais de 1h20, Trump apontou para uma convidada na plateia que perdeu duas filhas assassinadas por criminosos e instou o Congresso a se unir para limitar os recursos jurídicos que, segundo ele, permitem a entrada de gangues como a MS-13, de El Salvador. "Muitos destes bandidos tiraram vantagem de brechas evidentes em nossas leis para entrar ilegalmente no país como menores de idade não acompanhados", afirmou Trump.

Trump defendeu a proposta lançada na semana passada pela Casa Branca, que abre a porta para a nacionalização de 1,8 milhão de estrangeiros em situação irregular, mas que vem acompanhada de medidas rígidas para conter a imigração.

O governo pede US$ 25 bilhões para construir um muro na fronteira com o México, reforça drasticamente a vigilância das fronteiras, interrompe o reagrupamento familiar, reduz a cota de imigrantes legais e suspende a loterias de vistos, que seria substituída por um suposto sistema de “méritos” para os imigrantes com competências buscadas pelas empresas americanas. "É o momento de reformar essas regras migratórias obsoletas e finalmente trazer nosso sistema migratório para o século XXI", disse Trump.

Plano de investimentos

Trump também anunciou um ambicioso plano de investimentos no valor de
US$ 1,5 trilhão no prazo de uma década para renovar a decadente infraestrutura do país, em especial no setor de transportes. "Construiremos novas estradas, pontes, ferrovias e vias navegáveis em nosso país", disse Trump, acrescentando que, para ele, é necessário reduzir as regulações que impedem que os projetos avancem rapidamente.

O presidente também reiterou que seu governo está determinado a adotar novas normas em suas relações comerciais, deixando de lado "acordos injustos". Em seu discurso, Trump alertou que países como a China e a Rússia ameaçam os interesses, a economia e os "valores" americanos, e advertiu que a Coreia do Norte poderia "muito em breve" desenvolver a capacidade para ameaçar o território americano com seus mísseis nucleares, o que representa uma ameaça para os EUA. Segundo ele, é necessário evitar "complacência e concessões" que geram "agressões e provocações".

Prisão de Guantánamo continuará aberta

A nova linha dura de Washington ficou evidente com o anúncio de uma diretiva dada ao secretário de Defesa, Jim Mattis, para que "reexamine nossa política de detenção militar e mantenha abertas as instalações de detenção em Guantánamo". De acordo com Trump, no passado os Estados Unidos liberou "centenas e centenas de terroristas perigosos, e os encontrou novamente no campo de batalha", e isso justifica manter aberta a prisão de Guantánamo.

Essa prisão foi aberta após a invasão do Afeganistão por tropas americanas, realizada após os atentados de 11 de setembro de 2001, e recebeu desde então centenas de prisioneiros. O governo de Barack Obama se propôs a fechar esse centro de detenção, mas a resistência do Congresso freou o processo, que terminou sendo enterrado pela chegada de Trump à Casa Branca.

De volta para o passado

Para a oposição democrata, o discurso de Trump foi apenas um compilado de frases de efeito que escondeu a realidade do país. O Senador Bernie Sanders, ex-aspirante à presidência, disse que é necessário "tratar seriamente a questão migratória, mas isso não significa dividir famílias e reduzir a imigração legal em 25% ou 50%."

A resposta oficial do Partido Democrata foi dada pelo jovem legislador Joe Kennedy III, sobrinho-neto do ex-presidente John Kennedy. Ele criticou um governo que parece ter declarado "uma guerra aberta à proteção ambiental", e apontou que "a administração não ataca apenas as leis que nos protegem, mas a própria ideia de que todos merecemos proteção".

Elizabeth Guzmán, imigrante peruana que atualmente é delegada democrata na legislatura de Virgínia, formulou a resposta de seu partido destinada ao eleitorado hispânico. O governo de Trump, disse, ameaça arrastar o país de volta "a um passado vergonhoso, no qual nosso povo foi julgado, não pela qualidade de seu caráter, mas pela cor de sua pele e suas crenças religiosas".

(Com informações da AFP)

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