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Américas

ELN dá por terminada sua primeira trégua bilateral na Colômbia

A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou o fim de sua primeira trégua bilateral na Colômbia a partir da meia-noite desta terça-feira (9). O  ELN declarou que vai evitar retomar o conflito enquanto negocia com o governo, em Quito, um novo cessar-fogo.

Presidente colombiano Juan Manuel Santos espera um acordo de paz antes do fim do seu mandato, em aosto deste ano.
Presidente colombiano Juan Manuel Santos espera um acordo de paz antes do fim do seu mandato, em aosto deste ano. REUTERS
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Em entrevista à AFP nos arredores da capital equatoriana, o chefe de negociações do grupo rebelde, Pablo Beltrán, descartou uma prorrogação do atual acordo, vigente desde 1º de outubro de 2017.

"Hoje, terça-feira, às 24 horas termina o cessar-fogo, que teve duração de 101 dias", declarou o comandante rebelde Beltrán, na véspera da retomada dos diálogos de paz em Quito, sede do processo que busca por fim a um confronto de 53 anos.

Meio século de conflito

O cessar-fogo acaba com queixas mútuas de descumprimento, mas com um fato indiscutível: nos últimos três meses não houve confrontos entre os militares e as tropas rebeldes pela primeira vez em mais de meio século de conflito.

"Chegamos a um estágio importante que é desenvolver o diálogo em meio ao cessar-fogo bilateral. Vamos tentar com que se mantenha, enquanto isso esperamos que não haja uma escalada de ofensivas", afirmou o líder rebelde.

No entanto, Beltrán assegurou que "o governo está enviando tropas adicionais" às zonas de influência do Exército de Libertação Nacional (ELN).

O governo de Juan Manuel Santos, por sua vez, não anunciou uma retomada imediata da perseguição aos rebeldes, e destacou sua disposição em acordar uma nova trégua.

"Esse é o ideal, logicamente", assegurou o principal encarregado da delegação de paz do governo, Gustavo Bell, ao chegar à capital equatoriana na segunda-feira (8).

As equipes de negociadores anunciaram que iniciarão nesta quarta-feira (10) as discussões sobre uma nova trégua.

Temores de uma nova guerra

Com menos de dois mil combatentes, o ELN é a última guerrilha ativa na Colômbia reconhecida pelo governo, após o desarmamento e a transformação em partido político das Farc, no fim de 2016.

O comandante Uriel, da Frente de Guerra Ocidental Ómar Gómez, que opera na região colombiana de Chocó, em plena selva, afirmou em mensagem enviada aos veículos de comunicação na segunda-feira (8) que "seus homens já tomaram suas posições".

Beltrán insistiu que espera que "haja calma", embora tenha admitido ter determinado ao ELN "que esteja em alerta porque se há anúncio de operações ofensivas, quer dizer que é preciso elevar as medidas de segurança".

Descumprimento das regras

Durante a trégua, iniciada em 1º de outubro, as partes se acusaram de descumprimentos de acordos mútuos.

Além da interrupção do confronto, o ELN tinha se comprometido a suspender sequestros e ataques à infraestrutura petroleira, enquanto o governo melhoraria as condições dos guerrilheiros presos e a segurança dos líderes sociais, alvos de ataques que deixaram 105 mortos entre janeiro e 20 de dezembro de 2017, segundo a ONU.

O ELN foi acusado, por exemplo, de violar o acordo ao assassinar um governador indígena, um fato pelo qual o grupo pediu perdão.

O grupo rebelde, por sua vez, considerou como descumprimento a morte de sete camponeses em um ataque que envolveu a força pública e as operações militares em suas zonas de influência.

Mais transparência nas negociações

Para Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recurso para a Análise de Conflitos, é preferível negociar um novo cessar-fogo a prorrogar o atual.

"Este cessar-fogo tem muitas falhas, o mecanismo de monitoramento tampouco tem como fazer esse controle preciso porque não existem regras claras", afirmou à AFP.

Santos espera avançar com as negociações para extinguir o último conflito armado do continente que, em mais de meio século, deixou oito milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados.

Estimulado pelo acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o presidente e ganhador do Nobel da Paz pretende sustentar as negociações cumprindo sua promessa de sair do governo com o acordo de paz consolidado.

 

(Com agência AFP)

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