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Investigações acreditam que bomba em NY explodiu antes do previsto

Poderia ter sido muito pior. Uma tentativa de atentado terrorista nesta segunda-feira (11) de manhã em Nova York deixou quatro feridos, entre eles Akayed Ullah, de 27 anos, um morador do distrito do Brooklyn, que nasceu no Bangladesh e é residente legal dos EUA, e, de acordo com a polícia, confessou ter construído uma bomba em casa, na semana passada, com a ajuda de seu irmão.

Policiais vigiam entrada do metrô Port Authority em Nova York em 11 de dezembro de 2017.
Policiais vigiam entrada do metrô Port Authority em Nova York em 11 de dezembro de 2017. REUTERS/Brendan McDermid
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

À polícia, Ullah fez declarações de apoio ao grupo Estado Islâmico e afirmou ter agido em represália aos ataques de Israel a Gaza no fim de semana.

A polícia deteve o suspeito logo após uma explosão no túnel que liga as estações de metrô de Port Authority e Times Square, as duas na rua 42, em Midtown Manhattan, das áreas mais movimentadas da maior metrópole americana. O incidente foi registrado às 7h20 da manhã, horário em que milhares de pessoas passam pela área no caminho do trabalho.

Port Authority é o principal terminal de ônibus da cidade, onde circulam cerca de 65 milhões de passageiros por ano. Ainda de acordo com a polícia, a bomba caseira foi amarrada no corpo de Ullah, que usou velcro e plástico, trabalhava próximo da área e teve queimaduras e lacerações graves. Outros três cidadãos tiveram ferimentos mais leves.

As primeiras investigações parecem levar à conclusão de que a bomba explodiu antes do previsto. Tanto o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, quanto o governador, Andrew Cuomo, ambos do Partido Democrata, disseram que a ação rápida da polícia e a sorte evitaram uma tragédia.

Já o presidente Donald Trump, do Partido Republicano, e também nova-yorkino, somente ofereceu uma nota oficial quase seis horas depois do evento, em uma coletiva de imprensa na Casa Branca que terminou de forma contenciosa com a porta-voz Sarah Huckabee Sanders batendo boca com os jornalistas. Pouco depois de ser informado sobre o ataque, ele usou as redes sociais para criticar uma reportagem publicada pelo The New York Times no fim de semana.

O texto girou em torno do hábito de Trump de ver programas de tevê diversos, entre 4 a 8 horas por dia, mesmo depois de ter se tornado presidente da maior potência militar do planeta.

Ações israelenses em Gaza motivaram o agressor

Em Nova York, ainda de acordo com a polícia, Ullah citou recentes ações israelenses em Gaza como um dos motivos centrais para sua tentativa de atentado terrorista.

Os ataques aéreos do fim de semana ocorreram depois de o Hamas disparar mísseis e convocar uma rebelião no mundo islâmico contra a decisão de Washington de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Durante a coletiva, no entanto, Huckabee Sanders, destacou o fato de Ullah ser imigrante e bateu na tecla da necessidade de uma reforma mais dura do sistema de Imigração dos EUA.

Ullah vivia de forma legal nos EUA e teve, de acordo com a polícia, licença para trabalhar como motorista em NY entre 2012 e 2015. Até o fechamento deste texto, não havia informação sobre o em que trabalhava o imigrante originado do país do Sudeste Asiático nos últimos dois anos.

Sobre o Oriente Médio, a porta-voz disse que Trump apenas “teve a coragem de agir em uma decisão aprovada décadas atrás pelo Congresso americano” e “estamos decididos a continuar a exercer nossa liderança no processo de paz na região, e lamentamos se a Autoridade Palestina se retirar da mesa de negociações”.

Novas acusações contra Trump

Na coletiva de imprensa na Casa Branca, Huckabee Sanders se viu pressionada pelos repórteres a tratar de outro tema espinhoso para Trump: hoje de manhã, também em Nova York, três das 13 mulheres que acusam o presidente de assédio sexual (outras duas dizem ter presenciado os fatos) exigiram que o Congresso inicie uma investigação sobre a conduta do republicano.

Impulsionadas pelas recentes acusações a figurões de Hollywood, do jornalismo e da política, Rachel Crooks, Jessica Leeds e Samantha Holvey, afirmaram que Trump precisa ser colocado “no mesmo patamar” do produtor Harvey Weinstein, do ator Kevin Spacey e do senador Al Franken, entre outros citados.

Três senadores democratas reagiram pedindo a renúncia de Trump. Mais tarde, a embaixadora dos EUA na ONU, a ex-governadora republicana Nikki Haley, afirmou ser “importante que a voz destas americanas sejam ouvidas”, em declaração que irritou a Casa Branca. Huckabee Sanders disse que as alegações são falsas e afirmou, na coletiva, que “o presidente já tratou do tema antes das eleições e o povo americano o elegeu, portanto, é hora de mover adiante”.

O tema é ainda mais urgente em Washington por conta eleição especial, amanhã, para uma cadeira no senado pelo estado ultraconservador do Alabama. A maioria republicana no Senado, crucial para a Casa Branca, é frágil, com maioria de apenas quatro cadeiras.

Embora Trump tenha vencido as eleições no ano passado no Alabama com 30% de frente sobre Hillary Clinton, o candidato da Casa Branca, Roy Moore, é acusado de assédio sexual por várias mulheres, uma delas quando tinha apenas 14 anos de idade.

Moore nega as acusações, mas a quantidade de denúncias detalhadas fez com que boa parte do próprio Partido Republicano decidisse não apoiá-lo o que tornou concretas as chances de um democrata - Doug Jones, até pouco tempo visto como um azarão - chegar ao senado pelo Alabama depois de 31 anos de domínio completo da direita. Trump gravou ontem uma peça de apoio a Moore e o ex-presidente Barack Obama fez o mesmo para Jones. Os resultados devem ser conhecidos no começo da noite desta terça-feira.

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