Argentino, suspeito de tortura, apela à Justiça francesa para evitar extradição
Mario Sandoval, um ex-policial suspeito de participação no desaparecimento de um estudante durante a ditadura militar argentina, apelou ao Tribunal de Cassação da França, depois que Justiça emitiu um parecer favorável à sua extradição.
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A câmara de instrução da Corte de Apelação de Versailles já havia emitido, no dia 19 de outubro, um parecer favorável à extradição do ex-policial, solicitada por Buenos Aires desde 2012.
A justiça argentina o acusa de ter sido cúmplice no sequestro e desaparecimento do estudante de arquitetura Hernan Abriata, que, em 30 de outubro de 1976, foi detido na temida Escola de Mecânica da Marinha.
Cerca de 5 mil pessoas, detidas na escola entre 1976 e 1983, desapareceram, sendo muitas jogadas de aviões no rio da Prata.
Mais de 500 desaparecimentos
Ainda que a promotoria argentina suspeite que Sandoval tenha participado durante a ditadura de mais de 500 sequestros, torturas e mortes, somente o caso Abriata pode levá-lo a julgamento. São dezenas de testemunhos que o comprometem no desaparecimento do estudante. Um dossiê forte o suficiente para que os juízes franceses em primeira e segunda estância tenham se decidido pela extradição.
A primeira decisão data de maio de 2014, quando a Corte de Apelação de Paris decidiu-se favoravelmente pela extradição. Em fevereiro de 2015, porém, a Corte de Cassação (equivalente ao Superior Tribunal de Justiça brasileiro) considerou a possível prescrição dos fatos. Por isso, o caso foi enviado à câmara de instrução da Corte de Apelação de Versailles para um novo parecer.
Nacionalidade francesa não evitará extradição
Exilado na França desde o fim da ditadura argentina, o ex-policial Mario Sandoval tem hoje 64 anos. Portador de um passaporte francês há vinte anos, Sandoval ainda pode ser extraditado para a Argentina porque não era francês na época dos assassinatos. A decisão caberá, agora, à Corte de Cassação, onde a prescrição será mais uma vez argumentada pela defesa.
(Com agência AFP)
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