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Linha Direta

Na Bolívia, Finados tem “pão de morto” e lágrimas pagas

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Quando falamos em celebração do Dia dos Mortos, o México vem à cabeça. No entanto, bem pertinho do Brasil há um país com uma das mais ricas culturas e comemorações nesta data. No dia 2 de novembro, em toda a Bolívia, os cemitérios e as ruas próximas a eles se enchem de cores, música e aroma de comidas que os bolivianos preparam em homenagem aos familiares já falecidos.

Na Bolívia, a celebração do dia de finados ganha ares de festa, como no México.
Na Bolívia, a celebração do dia de finados ganha ares de festa, como no México. REUTERS/David Mercado
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Bolívia

A data oficial é 2 de novembro, mas desde a quinta-feira (1º) à tarde já começaram as celebrações nos cemitérios bolivianos. Os familiares preparam a comida preferida da pessoa falecida, que terá a tumba visitada no Dia de Finados.

De acordo com a cultura local, os espíritos descem à terra por volta da meia-noite para conviver, por durante 24 horas, com os seus familiares e saborear as comidas e bebidas favoritas de quando estavam vivos. Neste ritual das oferendas, é comum armar altares sobre os túmulos usando muitas flores, velas coloridas, frutas, bebidas, doces e o que mais os familiares decidirem colocar na homenagem. É uma alegre cerimônia fúnebre onde também há música, cigarros e bebidas alcóolicas. Outro nome para esta celebração é festa dos ancestrais mortos.

“Pão de morto”

Além da comida preferida do defunto, há o “tantawawa”, biscoitos coloridos que representam a forma humana. Em média, o tantawawa mede 50 centímetros e representa o falecido. Outra especiaria é o pão de morto, biscoitos de trigo e outras variações, dependendo do lugar da Bolívia, um país que mistura diversos costumes.

De acordo com a cultura aymara, uma das que predominam na região andina da Bolívia, a morte natural é um ciclo da vida. Quando alguém morre, os bolivianos costumam dizer que a pessoa foi embora, partiu, cumpriu seu ciclo. Esse ritual também remonta à época da colonização espanhola e à tradição católica, que celebra o Dia de Todos os Santos.

Na Bolívia, as culturas indígena e espanhola se misturaram, criando uma festa original. Outra crença que permeia a data é a de que as almas vêm para trazer a fecundidade e a fertilidade para todo o ano, sobretudo porque novembro é o começo da época das chuvas, quando os agricultores começam a plantar.

Impacto econômico

O dia é bastante movimentado também para o comércio e vendedores ambulantes, que vendem flores, bebidas e comidas. Outros trabalhadores se oferecem para limpar os túmulos, cantar em frente à sepultura as músicas favoritas do falecido e até chorar o morto. Por alguns pesos bolivianos, a pessoa morta recebe lágrimas em sua homenagem - mas, neste caso, nem sempre elas são verdadeiras.

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