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Linha Direta

Macri obtém vitória histórica em eleições legislativas na Argentina

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A Argentina renovou metade da Câmara de Deputados e um terço do Senado. Se as eleições legislativas no meio do mandato do presidente Mauricio Macri funcionavam como uma espécie de termômetro, ele venceu de forma histórica. Conseguiu o melhor resultado dos últimos 32 anos e se tornou a primeira força política a ganhar onde antes só havia espaço para o peronismo. Impôs uma dura derrota à ex-presidente Cristina Kirchner que, apesar de eleita, não tem mais poder suficiente para voltar à presidência. Além disso, também obteve margem para aprovar uma agenda de reformas políticas e econômicas. 

A coalizão Cambiemos, do presidente da Argentina, Mauricio Macri, ganhou as eleições legislativas argentinas de meio mandato realizadas neste domingo (22).
A coalizão Cambiemos, do presidente da Argentina, Mauricio Macri, ganhou as eleições legislativas argentinas de meio mandato realizadas neste domingo (22). REUTERS/Marcos Brindicci
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Marcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires 

A coligação governista obteve cerca de 41% dos votos nacionais. Se fosse uma eleição geral para presidente, Mauricio Macri teria sido reeleito porque, na Argentina, um candidato vence as eleições com 40% dos votos desde que supere o segundo colocado em, pelo menos, 10 pontos. 

Portanto, esta vitória significa que o horizonte político do presidente Macri se amplia a uma provável reeleição dentro de dois anos. As eleições legislativas no meio de um mandato costumam antecipar o que deve acontecer dois anos depois. 

No caso de Macri, foi a maior vitória eleitoral desde 1985, quando o então presidente Raúl Alfonsín ganhou nos cinco principais distritos do país que somam 76% dos votos nacionais. É o que o atual chefe de Estado argentino acaba de repetir. 

No principal embate - a disputa pelas três vagas ao Senado pela província de Buenos Aires que representa 41% de todos os eleitores do país - a ex-presidente Cristina Kirchner perdeu. 

O candidato governista, Esteban Bullrich, ganhou com 41,3% dos votos, uma diferença superior a 4 pontos sobre Kirchner. 

Reformas tributária e trabalhista

Na manhã desta segunda-feira (23), o presidente Mauricio Macri fará uma coletiva de imprensa na qual deve antecipar o que vem pela frente. Mas o resultado das eleições consolida o poder de Macri e dá ao governo margem para avançar, no Congresso, com uma agenda de reformas a partir do ano que vem, a começar pelas reformas tributária e trabalhista. 

Os governistas ganharam terreno no Parlamento. Não terão maioria, mas serão a primeira força na Câmara de Deputados e podem ainda ser a primeira força no Senado se o peronismo continuar dividido entre o peronismo tradicional e o chamado kirchnerismo, liderado pela ex-presidente. 

Cristina Kirchner derrotada, mas eleita 

Cada província elege três senadores. O partido vencedor fica com duas vagas; o perdedor fica com a terceira como forma de manter um equilíbrio de poder.

A ex-presidente Cristina Kirchner foi eleita senadora. Ela terá um poder aparente, mas não o poder formal porque foi eleita com 37% dos votos e esse é o seu teto eleitoral. Sua imagem negativa supera os 60%. Ela é a única líder peronista que tem mais imagem negativa do que positiva, o que a impede de ganhar uma eleição para presidente. 

Cristina Kirchner entra no Senado, deve procurar liderar o peronismo, mas o partido a rejeita como líder e pode obrigá-la a ceder. Se não ceder, o peronismo pode ameaçá-la de se juntar ao governo para lhe retirar a imunidade parlamentar e deixá-la exposta a enfrentar uma série de processos judiciais.

O problema é que o peronismo também saiu enfraquecido destas eleições e não elegeu nenhum referente. Portanto, para o presidente Macri, o resultado não podia ser melhor. Consolida poder e mantém a oposição peronista fragmentada. 

Caso da morte de ativista não influenciou resultados 

Nas últimas horas, o caso do ativista Santiago Maldonado ameaçou influenciar os resultados das eleições, o que analistas negam que possa ter acontecido. 

O artesão e ativista Santiago Maldonado desapareceu em 1° de agosto durante um protesto de índios mapuches. Testemunhas indígenas disseram que ele tinha sido espancado pela polícia militar. Isso levou grupos de Direitos Humanos a ver a responsabilidade do Estado no sumiço de uma pessoa em plena Democracia.

O corpo de Maldonado apareceu 78 dias depois, mas os resultados preliminares da autópsia revelados no sábado indicaram que a morte foi por afogamento e que o corpo não tinha nenhum sinal de lesões provocadas por terceiros. Isso silenciou as acusações contra a polícia militar e, portanto, não teve impacto nas eleições. 

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