Se as projeções das pesquisas forem confirmadas no domingo (22), o resultado pode ser o mais favorável a um governo nos últimos 32 anos e deve fortalecer o governo Macri para reformas tributária e trabalhista, além de confinar o poder da opositora ex-presidente Cristina Kirchner.
As eleições legislativas no meio do mandato de um presidente funcionam como um plebiscito sobre a gestão do governante e costumam antecipar o resultado das eleições gerais dentro de dois anos.
Os argentinos vão renovar um terço do Senado e metade da Câmara de Deputados. Mas o que há por trás de cada voto é bem mais do que isso.
As eleições no meio do mandato de um governo funcionam como um plebiscito. É muito comum, por exemplo, os eleitores responderem que vão votar em Macri ou contra Macri, quando perguntados sobre em quem vão votar.
O resultado, portanto, indica o que a maioria pensa do atual governo. E a consolidação dessa radiografia costuma ser uma tendência para daqui a dois anos, nas eleições gerais. As eleições legislativas costumam antecipar o resultado da eleição a presidente. Isso significa que, se as pesquisas estiverem certas, Mauricio Macri tem altas chances de ser reeleito dentro de dois anos.
Governismo em alta
As pesquisas indicam que numa projeção nacional, o governo deve obter mais de 40% dos votos.
O governo deve ganhar nas cinco principais zonas eleitorais do país, inclusive na província de Buenos Aires, onde se concentra mais de 40% dos eleitores.
E é na província de Buenos Aires onde acontece a disputa crucial. O candidato governista, Esteban Bullrich, contra a ex-presidente Cristina Kirchner. Disputam pelas vagas ao Senado.
Bullrich foi ministro da Educação de Macri, mas é um desconhecido dos eleitores. Quem vota nele, está votando, na verdade, no presidente Macri e na governadora da província, Maria Eugenia Vidal, os dois políticos com maior imagem positiva hoje na Argentina.
As sondagens indicam que o candidato governista supera Cristina Kirchner em cerca de 3 pontos. Quando projetados os 10% de indecisos, a vantagem do governista é ainda maior: 5 pontos.
O governo Macri aproveita os processos judiciais e as prisões de ex-membros do governo de Cristina Kirchner para dar ênfase ao combate à corrupção. Também explora o medo dos eleitores de voltarem ao passado com a ex-presidente.
Já Cristina Kirchner diz que, com ela, a classe baixa estava melhor financeiramente e também explora o medo dos eleitores a um ajuste na economia.
Cristina Kirchner deve ser eleita senadora
As eleições definem não só o horizonte político de Macri, mas também o de Cristina Kirchner. Com uma projeção de 35% dos votos, a ex-presidente já estaria no seu teto potencial. Deve ganhar a terceira vaga ao Senado, mas não teria mais fôlego político para voltar a disputar uma Presidência.
Para Cristina Kirchner, ser eleita significa manter o kircherismo vivo e obter imunidade parlamentar para enfrentar uma série de processos judiciais.
Para o presidente Macri, a vitória significa não só trabalhar com uma reeleição, mas a possibilidade de avançar com reformas, começando pela tributária e pela trabalhista.
Com um horizonte político ampliado, o presidente Macri espera receber os prometidos investimentos que consolidem o crescimento econômico e uma renovação da confiança dos mercados com a Argentina.
Para o governo, a presença de Cristina Kirchner no Senado também é uma vantagem.
A ex-presidente é um elemento de polarização que beneficia o governo. Cristina tem um nível de rejeição que chega a 65% dos eleitores. Portanto, ela não oferece uma candidatura capaz de ameaçar a reeleição de Macri.
Por outro lado, a presença dela dificulta a renovação da oposição peronista já sem líderes. Cristina Kirchner, portanto, ajuda a dividir a oposição e a consolidar o governo Macri.
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