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Brasil-América Latina

Missionárias brasileiras, os anjos dos migrantes venezuelanos em Bogotá

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Quatro religiosas brasileiras coordenam na capital colombiana uma casa de acolhimento a migrantes que durante vinte anos tem abrigado deslocados pelo conflito interno. Nos últimos meses, o lugar se converteu em um oásis para os venezuelanos que fogem da crise em seu país.

As irmãs Missionárias Eunivia e Teresinha.
As irmãs Missionárias Eunivia e Teresinha. A. Dominguez
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Quando estava com quatro anos de idade, Teresinha Monteiro colocou suas roupas numa fronha, jogou ela nas costas e fugiu de casa. O plano da menina era deixar Santa Catarina e fugir para a África como missionária. Só que ela teria que aguardar uns anos para poder realizar aquele sonho.

Não foi na África, mas na Colômbia que a irmã Teresinha e mais quatro freiras brasileiras têm se convertido nos anjos da guarda de milhares de pessoas. As religiosas coordenam um centro de acolhimento aos migrantes em Bogotá que tem atendido os deslocados internos por vinte anos, mas que nos últimos meses se converteu em um oásis para os venezuelanos que fogem da crise em seu país.

Segundo Teresinha, "nós nunca tivemos tanta gente na casa como estamos tendo agora. Tivemos até máximo 30 pessoas, agora estamos com 45 pessoas". A familia de Leonardo Márquez é uma das beneficiadas pelo albergue. Com 46 anos de idade, Leonardo decidiu abandonar Monagas no nordeste da Venezuela, e uma carreira de 17 anos como especialista em segurança do trabalho na indústria petrolífera. Veio para a Colômbia semana passada para começar do zero, com a mulher e os filhos de 11 e 4 anos.

Segundo Márquez, “não cansarei de dar graças a Deus por tudo o que tem acontecido com a gente, desde que chegamos aqui. É uma maravilha, o albergue, embora não tenha o apoio institucional do governo e dependa só de doações, é uma maravilha”.

Resiliência na pele

A irmã Eunivia Da Silva, nascida em Minas Gerais, é outra das quatro missionárias dedicadas ao trabalho com os migrantes. Ela está encarregada do Centro de Capacitação da Fundação, no sul da cidade. Eunivia também sentiu o chamado para servir aos outros desde muito nova. Aos 16 anos ela se uniu à congregação e desde então não tem parado de trabalhar com deslocados na Colômbia, no Equador e na Itália.

No Centro de Capacitação que ela coordena é oferecida uma capacitação técnica em ofícios como padaria, confeição, contabilidade ou estética, mas sobretudo, é oferecido um espaço para partilhar experiências, identificar-se com o outro e se ajudar mutuamente na integração à comunidade. Para a irmã Eunivia, apesar das dificuldades, o mais inspirador em seu trabalho é ver a resiliência de quem tem encarado grandes desafios na vida.

"Como deslocados, eles transmitem para a gente uma força interior maior da que eu estou tendo. As vezes eu estou diante deles ouvindo o sofrimento e estou me sentido debilitada nas minhas forças. Ai eles transmitem mais esperanza, mais força, e estão com esa força de otimismo, de confianza que todo vai melhorar, que ese momento ruim vai passar”, diz Eunivia.

Outras duas brasileiras completam o grupo, as irmãs Égide Benedetto e Conceição da Silva, que apoiam o trabalho no albergue, mas também na rodoviária, onde a fundação tem um espaço para receber as pessoas que chegam de outras cidades sem ter um lugar onde ficar. As quatro compartilham a experiência de ajudar os migrantes, sendo elas mesmas migrantes, como diz o lema da sua ordem religiosa.

Enquanto isso, irmã Teresinha, depois de 38 anos de serviço como missionária, mantém intacto o espírito aventureiro que tinha quando criança e corria pelas ruas de Tubarão com uma fronha nas costas procurando chegar à África. “Minha África agora é aqui na Colômbia, mas se um dia a madre falar ‘venha para a Africa’, eu vou”.

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