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Linha Direta

Com Coreia do Norte e Harvey, Trump encara dois furacões

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A semana que começa hoje será especialmente complicada nos Estados Unidos (EUA). Amargando recordes negativos de popularidade, Donald Trump passou o fim de semana no Texas e na Louisiana, confortando vítimas da tempestade tropical Harvey. O tabuleiro geopolítico internacional também se complicou no domingo com o anúncio, pela Coreia do Norte, do sucesso de um teste de uma bomba de hidrogênio, segundo Pyongyang.

Donald Trump e sua esposa Melania, durante visita a sobreviventes do furacão Harvey em Houston, em 2 de setembro de 2017.
Donald Trump e sua esposa Melania, durante visita a sobreviventes do furacão Harvey em Houston, em 2 de setembro de 2017. REUTERS/Kevin Lamarque
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Depois da passagem da tempestade Harvey, Houston segue debaixo d’água e a polícia continua ajudando no resgate de cidadãos ilhados e o número de mortos confirmado já chega a 47 pessoas. O presidente passou o fim de semana no sudoeste do país ensaiando uma aproximação com a população e apostando em uma virada em seus índices de popularidade.

Muito criticado por não ter visitado vítimas em sua primeira viagem à região, na terça-feira, Trump, no fim de semana, deu prioridade ao encontro com os moradores da quarta maior cidade do país, servindo quentinhas, beijando crianças e, para além do simbolismo, prometendo defender a aprovação urgente pelo Congresso da extensão do limite da dívida pública para incluir um pacote de ajuda ao Texas e à Louisiana de US$ 7,9 bilhões.

A viagem dos Trump só não recebeu uma resposta mais positiva da opinião pública porque, por um lado, líderes conservadores contrariam o presidente e anunciaram combate a qualquer aumento de gastos do governo, mesmo frente a um desastre das proporções do Harvey. E, por outro, porque cientistas e a oposição batem na tecla de que é preciso se estudar mais profundamente as conexões entre a maior tempestade tropical jamais registrada na história do Texas e o aquecimento global, cuja existência é simplesmente negada pelo governo atual.

Congresso deve aprovar reforma fiscal

Esta seria a primeira vitória de Trump no Capitólio em mais de sete meses de governo.O objetivo do pacote fiscal é o corte de impostos para os mais ricos e as grandes empresas para estimular o crescimento econômico e gerar mais empregos no país.

O problema é que estudos independentes mostram que todas as vezes em que este modelo foi adotado por Washington, a partir da revolução conservadora de Ronald Reagan nos anos 1980, o grosso do abono foi parar no bolso de altos executivos, em eventuais pacotes de demissões de funcionários em postos de chefia e para se resolver pendengas judiciais das grandes corporações, e não em investimento no setor produtivo.

Alardeado pelo presidente como o "maior corte de impostos da história dos EUA", a reforma fiscal de Trump reduz de 35% para 15% os impostos federais das empresas, o que, de acordo com economistas, pode ter um efeito danoso para o déficit público do país. Entre outubro de 2016 e março deste ano, este número ultrapassou US$ 526 milhões de dólares.

Os democratas classificaram o plano de irresponsável e avisaram que só aceitam sentar à mesa de negociações se for incluído algum tipo de alívio direto para os contribuintes de classe média e mais pobres. Ou seja, Trump precisará de um Partido Republicano unido para não repetir fracassos anteriores, como o da reforma da saúde.

Reação de Trump ao teste nuclear norte-coreano é criticada

O presidente americano primeiro soltou bravatas e depois, usando redes sociais, desancou aliados importantes na região, como a Coreia do Sul, culpando Seul pelo agravamento da situação por não oferecer uma resistência mais dura aos vizinhos do norte. Neste domingo, o secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que qualquer ameaça de Pyongyang aos EUA e aliados gerará “massiva resposta militar”.

A situação militar, entretanto, parece ser muito mais complicada do que a atual diplomacia americana parece ser capaz de lidar, com a Coreia do Sul querendo evitar a qualquer custo perdas humanas e destruição nos dois lados da península, o Japão se movendo na direção de jogar por terra a Constituição pacifista estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial e a China buscando evitar a qualquer custo uma eventual reunificação coreana sob a tutela de Seul.

A comunidade internacional, por sua vez, está de prontidão. Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU foi anunciada nesta segunda-feira e a Assembleia-Geral da ONU, que acontece em duas semanas aqui em Nova York, será dominada pela necessidade de se conter a ameaça crescente que a Coreia do Norte está se tornando para a segurança mundial, e especialmente de seus vizinhos Coreia do Sul e Japão.

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