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Brasil-América Latina

Bienal de Arte aposta na realidade aumentada para projetar América do Sul para o mundo

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Com modelo inédito, a Bienalsur torna-se a maior do mundo em quantidade de artistas, de países e de cidades. Artistas brasileiros participam do novo paradigma de integração regional através da arte.

A Bienalsur estreou em Buenos Aires no dia 1° de setembro de 2017.
A Bienalsur estreou em Buenos Aires no dia 1° de setembro de 2017. Foto: Universidade Tres de Febrero (UNTREF)
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

O evento começou por Montevidéu (23), estreou em Buenos Aires nesta sexta-feira (1) e será inaugurado em São Paulo na próxima segunda-feira (4). E assim, ao somar novas cidades, a Bienalsur rompe os paradigmas tradicionais da arte, das fronteiras e da integração.

"Num momento em que cresce a intolerância e os muros no mundo, achamos necessário fazer algo totalmente livre. Um novo conceito de arte e de cultura como um veículo de integração regional e de aproximação entre os povos", explicou à RFI Aníbal Jozami, diretor da Bienalsur e reitor da Universidade argentina Tres de Febrero, criadora da bienal.

36 cidades e 16 países

A primeira Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul tem o nome de Bienalsur, um jogo de palavras, em espanhol, com Bem ao Sul. Ela acontece simultaneamente em 36 cidades, de 16 países nos cinco continentes.

Buenos Aires é o epicentro de uma experiência inédita para 429 artistas que expõem em 84 locais como centros culturais, fundações, museus e universidades pelo mundo. O Brasil terá como sedes o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e até Sorocaba. A Bienalsur passa ainda por Paris e Marselha, e chega até Tóquio.

Os artistas brasileiros expõem principalmente na Argentina, mas também no Peru e em Porto Rico. As cidades brasileiras recebem principalmente artistas argentinos, mas também de França, Espanha e Madagascar.

A Bienal é organizada pela universidade pública argentina Tres de Febrero, que decidiu ampliar o acesso do público a uma experiência artística. Para isso, criou duas ferramentas de "Realidade Aumentada" nos celulares."A importância da interconexão não é um mero jogo tecnológico, mas uma forma de levar a arte a muita gente. É uma ideia totalmente internacionalista e democrática da arte e da cultura", define Jozami.

Pokémon Go das artes

Quem estiver numa das cidades da Bienal vai poder baixar gratuitamente o aplicativo "Willitu". Através desse jogo, uma espécie de "Pokémon Go" das artes, o usuário vai poder descobrir obras escondidas na sua cidade.

À medida que reunir virtualmente as obras de arte, o usuário pode passar a ser um colecionador. Quando chegar ao nível de curador, poderá criar a sua própria exposição numa Bienal particular. Pode chegar até ao nível de artista.

"Se você estiver em São Paulo, poderá andar pela Avenida Ibirapuera e encontrar uma obra de arte de um dos artistas participantes. Você pode estar em Madureira, no Rio de Janeiro, e se surpreender ao encontrar, numa esquina, uma outra obra de arte escondida. A mesma coisa em Sorocaba ou em Porto Alegre", ensina a brasileira Marlise Ilhesca, da Universidade Tres de Febrero e responsável pela logística das obras. "O objetivo desse jogo é, sobretudo, despertar nos mais jovens o desejo de conhecer a arte contemporânea", indica.

Para quem não está necessariamente em uma das sedes da Bienal, existe o aplicativo "BienApp" que permite conhecer, em três dimensões, as obras de arte que estão participando da Bienalsur. Serão disponibilizadas cerca de 100 obras que estão em Buenos Aires, assinadas por 70 artistas, como os brasileiros  Eduardo Srur, Regina Silveira, Shirley Paes Leme, Ivan Grilo, Vik Muniz ou Cildo Meireles, entre outros.

"O que queremos com esse sistema é criar um museu vivo e permanente que chegue sobretudo às escolas, que geralmente tem pouco acesso a publicações de arte. Através dessa ferramenta isso é possível", aponta Marlise Ilhesca.

A Bienalsur torna-se a maior do mundo em quantidade de artistas, de países e de cidades.
A Bienalsur torna-se a maior do mundo em quantidade de artistas, de países e de cidades. Foto: Universidade Tres de Febrero (UNTREF)

Exposição em regiões de fronteiras

Durante uma semana, na zona de disputa entre o Chile e o Peru (Arica e Tacna), 14 artistas criaram obras que serão expostas agora nos dois países. Na região de fronteira entre Colômbia e Venezuela (Cúcuta e Tachira), artistas também vão expor obras num momento em que os venezuelanos atravessam a ponte em massa rumo à Colômbia.

O fotógrafo iraniano Reza Deghati passou três meses com uma oficina de fotografia para jovens de favelas de Buenos Aires. As fotos que os jovens produziram serão agora expostas. O japonês Katsuhiko Hibino vai expor artesanatos produzidos por jovens com autismo e síndrome de down.

"Acho que é um grande mérito mostrar que, desde o Sul, nós podemos mudar a ordem estabelecida. Não precisamos ser passivos diante da História. E estamos realizando isso através dessa Bienal", conclui Marlise Ilhesca.

A BienalSur começa pelo Memorial da América Latina em São Paulo na segunda-feira, continua pelo Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba no dia 5 e, em 4 de outubro, chega à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. No Rio de Janeiro, o evento, organizado tanto na Fundação Getúlio Vargas quanto na Estação Central do Brasil, começa no dia 12 de outubro. As exposições vão até dezembro. As obras da realidade aumentada permanecerão.

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