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Linha Direta

Vazamento de relatório contradiz política ambiental de Trump

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Na noite de segunda-feira (7) o jornal “The New York Times” teve acesso, inesperado, a um relatório assinado por cientistas de 13 diferentes agências do governo americano. Segundo as conclusões do relatório a temperatura nos EUA sobe a ritmo alarmante desde os anos 1980 e que as últimas três décadas registraram as temperaturas mais altas na região nos últimos 1.500 anos.

Trump: constrangido por mais um vazamento de informação na sua administração.
Trump: constrangido por mais um vazamento de informação na sua administração. REUTERS/Kevin Lamarque
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Vazado por funcionários públicos, o relatório, que ainda espera aprovação da Casa Branca, contradiz a política do próprio Trump, contrário ao Acordo de Paris e crítico das políticas de combate ao aquecimento global.

Na reportagem, o “New York Times” revelou que, desde o governo Reagan, não há um lobby tão poderoso de mineradoras interessadas em explorar carvão em terrenos do governo federal, em uma área que equivaleria a seis vezes o tamanho do estado da Califórnia.

Cientistas sabotam Trump

Os cientistas que vazaram o relatório para a imprensa temiam que esta e outras conclusões fossem retiradas do documento oficial antes de ser divulgado ao público.

Entre os dados estão a diminuição drástica, desde 1960, de noites gélidas no inverno e o aumento expressivo de finais de dia insuportavelmente quentes no verão. Frentes frias, desde 1980, também diminuíram em todo país, com o aumento de frentes quentes de ar. As chuvas aumentaram 4% em todo o país desde o começo do século passado e no estado mais gélido, o Alaska, o aquecimento é o dobro do registrado em todas as outras áreas, preocupando ainda mais os cientistas por conta do degelo que deve aumentar o nível do mar em áreas costeiras do oeste do Canadá e dos EUA.

O relatório precisa ser aprovado pela administração Trump até domingo. Durante os próximos dias, espera-se que aumente a pressão de ecologistas, democratas e cientistas contra o governo da maior potência mundial, que teima em alimentar o retrocesso em relação a políticas ambientais.

Novo vazamento embaraça a administração

A cada quatro anos, independentemente do partido que esteja no comando do governo, a administração federal é obrigada a apresentar aos cidadãos americanos um relatório detalhado sobre o clima e o meio-ambiente no país. O que o governo Trump não esperava é que os resultados fossem vazados, pelos próprios cientistas, para a grande imprensa, em uma clara retaliação da classe à maneira como a administração vem lidando com o tema.

Uma das principais conclusões do relatório, que certamente será usado politicamente pela oposição, é a de que “o aquecimento global aumentará ainda mais se continuarmos emitindo gases de efeito estufa como hoje, ou se aumentarmos esta produção”, o que vai de encontro às novas medidas no setor tomadas por Washington.

Fim da moratória de Obama

O governo Trump acabou com a moratória de exploração do carvão aprovada pela administração Obama e já planeja uma redução drástica de áreas de proteção ecológica, inclusive as que são consideradas monumentos nacionais em todo o país.

De acordo com dados do governo democrata, mais de 40% do carvão produzido nos EUA está localizado em áreas da União e, sozinho, ele responde por 10% de toda a produção de emissões de gases de efeito estufa. Os republicanos contestam estes números. Hoje, o governo americano embolsa cerca de US$ 1 bilhão/ano com royalties pagos pelas mineradoras, mas o governo Trump também pretende diminuir as taxas pagas pelas empresas para “aumentar a competição no setor”.

Reação nos tribunais

O Novo México e a Califórnia entraram na Justiça contra a liberação de áreas da União para exploração de carvão localizadas nos dois estados do oeste dos EUA alegando que elas prejudicam a qualidade de vida de suas respectivas populações.

Em Montana, ambientalistas conseguiram se unir aos pecuaristas e a grupos indígenas em uma aliança inusitada com o objetivo de impedir a mineração em área federal localizada ao lado de um dos principais reservatórios de água do estado.
 

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