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A Semana na Imprensa

Revista L’Obs conta os “últimos segredos” de Che Guevara

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A revista francesa L’Obs desta semana traz uma reportagem de capa sobre Ernesto Che Guevara. Com o título “os últimos segredos de Che”, o texto relata o final da vida do herói da revolução cubana, morto há cinquenta anos.

Capa da revista francesa semanal L'OBS, traz reportagem entitulada: " Os últimos segredos do Che".
Capa da revista francesa semanal L'OBS, traz reportagem entitulada: " Os últimos segredos do Che". Reprodução RFI
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A minuciosa reportagem conta em detalhes como “o príncipe da guerrilha entrou em uma causa perdida antes mesmo de começar”. Para explicar a morte do revolucionário argentino, L’Obs conta como, em poucos anos, ele perdeu sua influência junto aos líderes cubanos.

Segundo o texto, o declínio de Che começou três anos antes de sua morte, quando o revolucionário fez um polêmico discurso na ONU, em 1964. Guevara atacou a América, mas também a União Soviética, que ele acusa de não querer exportar o socialismo na América Latina para preservar uma coexistência pacífica com Washington. O rompante do argentino caiu como uma bomba em Havana, que dependia da boa relação com Moscou, explica a reportagem.

O texto explica que, depois disso, Fidel Castro teve que encontrar uma maneira de afastar Che, apesar da amizade que tinham, desde que conheceu o revolucionário durante seu exílio no México. O argentino foi enviado primeiro para uma missão na África, conta a reportagem. Mas ele aproveitou a viagem para ir até Pequim, onde se encontrou, sem prevenir ninguém, com o líder Mao-Tsé-tungGuevara esperava conseguir o apoio chinês para avançar em seu projeto de revolução total na América do Sul. Mas a tentativa não deu certo e a iniciativa foi vista em Havana como um ato de traição.

Seguiram a missão no Congo, onde Guevara, usando uma identidade falsa, foi enviado com o claro objetivo de ser afastado da vida política; seu retorno a Havana, doente, em 1966; e a tentativa de lançar uma revolta para “unificar a América”, novamente com o apoio de Fidel. Foi nesse momento que começou a operação em Santa Cruz, perto da Argentina, e que resultou em sua morte. Segundo testemunhos ouvidos pela revista francesa, o local, isolado do mundo, não era a melhor opção, e até hoje muitos se perguntam porque Che optou pela região.

“Alguns cogitam o caráter suicida da estratégia, como uma forma de sacrifício de ícone do castrismo”, comenta o texto. Mas outros justificam a escolha como sinal de uma vontade incontrolável de voltar para seu país, após mais de dez anos de exílio.

Independentemente das razões, durante anos as circunstâncias da morte de Che foram alvo de polêmicas, explica a reportagem. Muitos se questionaram sobre quem traiu Guevara durante seu percurso. Mas hoje, cinquenta anos depois, “os historiadores concluem que o ‘Cristo Revolucionário’ traiu a si mesmo”, escolhendo, de forma consciente, seu próprio caminho para a missão que custou sua vida.

O mais interessante da reportagem é que o texto consegue mostrar o lado complexo e ambivalente da personalidade de Che Guevara. Se muitos acreditavam em sua “bondade e generosidade”, o revolucionário também “dirigiu com mão-de-ferro a fortaleza de la Cabaña, onde ordenou a execução de centenas de opositores”, lembra a revista. Além disso, durante sua gestão de um centro de reabilitação de operários e camponeses, ele foi acusado de aplicar métodos extremos, inclusive com a privação de comida dos trabalhadores.

Mesmo assim, conclui a reportagem, as fotos de Che Guevara morto, divulgadas pela imprensa, ajudaram a criar o mito. “Sem querer, os policiais bolivianos que exibiram o cadáver do revolucionário, canonizaram Guevara”, analisa a revista francesa L’Obs.

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