Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Deportações de mexicanos ilegais registram queda nos EUA

Publicado em:

Na semana passada, um estudo publicado no México pelo banco BBVA Bancomer pegou o país de surpresa. De acordo com esse relatório, o número de mexicanos ilegais deportados pelos Estados Unidos diminuiu 30% no primeiro semestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os migrantes são deportados pelas autoridades americanas, mas tambémnão têm mais capacidade física para atravessar a fronteira, podem descansar na "Casa de migrantes" em Reynosa, México.01/04/13
Os migrantes são deportados pelas autoridades americanas, mas tambémnão têm mais capacidade física para atravessar a fronteira, podem descansar na "Casa de migrantes" em Reynosa, México.01/04/13 REUTERS/Eric Thayer
Publicidade

Gustavo Polloni, correspondente da RFI no México

A notícia dessa queda do número de deportações de mexicanos que viviam ilegalmente nos Estados Unidos causou surpresa no país. A expectativa no México era exatamente o oposto: que o número de deportações aumentasse drasticamente durante a gestão do presidente Donald Trump. Um dos principais pilares da campanha presidencial era a construção do muro na fronteira entre os dois países, o que, segundo Trump, impediria os mexicanos de entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

Segundo o Anuário de Migração e Remessas México 2017, produzido pelo banco BBVA Bancomer, 70 mil mexicanos foram deportados durante os seis primeiros meses de 2017. No ano passado, quando se registrou um recorde histórico, foram pouco mais de 100 mil pessoas. No México, a imigração da população é muito comum.

Em 2016, 12 milhões e trezentos mil mexicanos saíram do país. Isso coloca o país como o segundo maior exportador de pessoas, atrás apenas da Índia, cujo número de imigrantes atingiu 15 milhões e seiscentas mil pessoas no mesmo período. Vale lembrar que a população indiana é mais de 11 vezes maior do que a mexicana.

Política de deportações é estratégia de campanha de Trump

Por trás dessa diminuição no número de deportações de mexicanos ilegais, especulam-se três cenários. O primeiro é que a política de deportações de mexicanos seria apenas uma estratégia da campanha de Trump para ganhar apoio da parcela mais conservadora e retrógrada da sociedade americana, que vê no imigrante mexicano um concorrente em alguns empregos e um criminoso em potencial.

Segundo essa teoria, o presidente Trump e sua equipe estariam conscientes de que os imigrantes mexicanos têm muita importância na economia dos Estados Unidos, muitas vezes realizando trabalhos que os americanos não gostariam de fazer. O outro cenário teria a ver com as derrotas políticas que o presidente Trump vem sofrendo na sua política migratória.

Até agora, o Congresso americano não aprovou o orçamento bilionário para a construção do muro, que ganharia até 1,4 mil quilômetros adicionais. Por último, e mais controverso, há especialistas que afirmam que o número de mexicanos que tentam cruzar a fronteira diminuiu muito desde que Trump assumiu a presidência, no dia 20 de janeiro. E que isso se refletiria na queda no número de deportados.

Construção do muro já tem previsão

Os últimos dias foram muito curiosos no noticiário sobre a construção do muro. Na semana passada, durante conversa informal com jornalistas a bordo do Air Force One, o avião presidencial, o presidente Trump reforçou que não era piada a ideia de colocar paneis solares ao longo do muro, que, segundo ele, ajudariam a pagar pelos 21 bilhões e seiscentos milhões de dólares necessários para construí-lo.

Segundo o presidente norte-americano, não há lugar melhor para gerar energia solar do que na fronteira com o México e disse que várias empresas estariam analisando a proposta. O problema é que a ideia não conta com o respaldo de especialistas do setor energético.

Uma reportagem publicada pelo site americano Vox mostrou que seriam precisos quatro anos para recuperar apenas o investimento de 1 bilhão de dólares necessários para instalar os quase três milhões de painéis solares que cobririam toda a extensão do muro.

Durante a conversa com jornalistas a bordo do avião presidencial, Trump revelou que gostaria que o muro tivesse uma característica específica: a transparência. Segundo ele, a pessoa teria de ser capaz de ver através do muro, não importa se isso fosse possível por meio de janelas de vidro ou de buracos feitos na estrutura de ferro.

O importante seria poder enxergar o que está do outro lado. De acordo com o presidente, depois que o muro for construído, os narcotraficantes mexicanos podem começar a arremessar grandes pacotes de até 30 quilos de drogas para o outro lado da fronteira, atingindo sem querer as pessoas que por acaso estiverem caminhando pelo outro lado.

Já existe previsão para o início da construção do muro. Apesar de ainda não ser oficial, o jornal Texas Observer afirmou que integrantes da administração Trump teriam dito que as obras começariam em até seis meses – ou seja, em janeiro de 2018. Repórteres do jornal americano teriam inclusive visto funcionários do governo americano fazendo buracos no chão para analisar o solo e preparar a área para o início dos trabalhos.

Construção também pode afetar flora e fauna local

Como tudo o que está relacionado ao muro, houve mais polêmica com a publicação dessa notícia. Isso porque o primeiro trecho da obra passaria por dentro de uma reserva natural chamada Santa Ana Wildlife Refuge. O local teria sido escolhido porque grande parte das terras da reserva pertencem ao governo federal, o que evitaria o desgaste da negociação com proprietários privados.

Muita gente na região acredita que a construção pode ameaçar a vida selvagem do parque, conhecido pela grande quantidade de pássaros que vivem por ali. Além do muro, uma estrada seria construída para permitir que a polícia de fronteira se locomova com mais facilidade, além de torres de vigilância e de luz, o que espantaria os animais.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.