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Argentina/ Frio

Nevasca bloqueia centenas de brasileiros na Argentina

Cerca de 300 brasileiros permanecem presos nesta terça-feira (18) na Argentina devido à nevasca em Bariloche. Por outro lado, um número indefinido não consegue chegar à cidade. Quem consegue deixar a estação de esqui enfrenta outro calvário para sair de Buenos Aires, já que muitos perderam o voo de conexão para o Brasil. 

Bariloche registrou na madrugada de domingo a sua menor temperatura histórica, -25,4ºC, quatro graus a menos do que a alcançada em 1963. 17/07/17
Bariloche registrou na madrugada de domingo a sua menor temperatura histórica, -25,4ºC, quatro graus a menos do que a alcançada em 1963. 17/07/17 STR / AFP
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

Angústia e tensão, frio e fome. A esses quatro elementos, contrários à ideia de férias sonhadas, estão expostos cerca de 300 brasileiros presos tanto no aeroporto de São Carlos de Bariloche, quanto no aeroporto metropolitano de Buenos Aires. Além dos que não conseguem sair da estação de esqui, há um número indefinido dos que não conseguem chegar, elevando a cifra de brasileiros afetados pela onda de frio polar que afeta 70% da Argentina, mas que atinge principalmente Bariloche.

Segundo informações do Itamaraty à RFI Brasil, cerca de 200 brasileiros - de um total de 350 turistas - estão bloqueados no aeroporto de Bariloche. A esse número, somam-se cerca de 80 pessoas que estão presas no aeroporto de Buenos Aires por terem perdido a sua conexão de volta ao Brasil. Um número indefinido de turistas brasileiros teve o voo de ida a Bariloche, desviado à cidade de Neuquén de onde tentavam completar a viagem de ônibus, porém a neve também reteve esses passageiros na estrada.

Do paraíso ao inferno

Os brasileiros que viajam a São Carlos de Bariloche no inverno têm sempre um desejo: ver nevar na cidade. Desta vez, no entanto, o desejo foi atendido, mas em excesso: há 27 anos não nevava tanto e a temperatura mínima de -25,4°C, na madrugada de domingo, bateu recorde histórico na cidade, superando os 21,1°C abaixo de zero de 1963.

A nevasca começou na sexta-feira (14) e fechou o aeroporto desde sábado (15) com 45cm de neve acumulada. Na segunda-feira (17), o aeroporto Teniente Luis Candelaria ensaiou uma normalização até as 14:10 H, quando partiu o último voo antes de a neblina voltar a impedir novas decolagens.

Devido à alta temporada com voos lotados e à capacidade limitada do aeroporto, as companhias aéreas têm pouca margem para contornar a situação com aviões extra.

O calvário da espera

Há passageiros que aguardam desde sábado, completando nesta terça-feira 72 horas de uma espera angustiante, com nervos à flor-da-pele. Quem tem condições financeiras e sorte para conseguir disponibilidade, dorme em hotel, mas a grande maioria improvisa nas cadeiras e mesas do café do saguão do aeroporto. Outros encaram, sem alternativa, o piso gelado. A falta de limpeza dos banheiros, a insuficiência de aquecimento e os preços instantaneamente inflacionados de alimentos e bebidas completam o cenário. Famílias inteiras, crianças e grávidas estão bloqueadas.

Os turistas brasileiros reclamam da escassez de alimentação e de hotel para a espera, mas as companhias alegam que fenômenos climáticos não estão contemplados dentro das suas obrigações. Apenas oferecem devolver o dinheiro ou reprogramar o voo para a semana que vem. Há ainda a opção de enfrentar dois dias de ônibus rumo a Buenos Aires, de onde partem os voos ao Brasil.

"Ao longo do final de semana, as autoridades consulares brasileiras mantiveram contatos com o cônsul honorário em Bariloche a quem solicitaram que fosse efetuada uma coordenação com o corpo de bombeiros e com a Polícia local. Foi contatada também a Defesa Civil de Bariloche, que indicou ser preferível que os nacionais permanecessem no aeroporto, em vista da situação das estradas da região, tomadas por neve", explica o Itamaraty.

A onda de frio polar que atinge a Argentina deixou quatro mortos nesta segunda-feira, nas cidades de Mar Del Plata e Bariloche. Duas vítimas eram sem-teto.

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