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Linha Direta

Venezuelanos votam contra Constituinte em plebiscito da oposição

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Mais de 7 milhões de venezuelanos participaram neste domingo do referendo organizado pela oposição contra o presidente Nicolas Maduro e seu projeto de assembleia constituinte. Segundo os resultados de 95% dos votos apurados, 98,3% dos eleitores votaram contra a proposta de Maduro e foram favoráveis à defesa da Constituição e à antecipação de novas eleições antes do fim do mandato do presidente venezuelano, que acaba em 2018.

Contagem dos votos em Caracas após plebiscito realizado neste domingo (16) pela oposição venezuelana.
Contagem dos votos em Caracas após plebiscito realizado neste domingo (16) pela oposição venezuelana. REUTERS/Marco Bello
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Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

O plebiscito realizado neste domingo (16) pela oposição venezuelana marca o início da segunda etapa dos protestos que desde abril deste ano acontecem diariamente no país.  A consulta organizada pela oposição é um ato de rebelião popular porque é considerado inconstitucional pelo Conselho Nacional Eleitoral. Foram abertos de dois mil pontos de votação no país, além de 350 no exterior.

Em resposta, governo convocou uma simulação para familiarizar os eleitores com a eleição da Assembleia Constituinte. A presidente do Poder Eleitoral, Tibisay lucena, destacou a importância da simulação da eleição para a constituinte e minimizou o plebiscito opositor ao destacar que ele não foi convocado pelo poder eleitoral.

Dentro de duas semanas, serão escolhidos 545 novos constituintes que vão escrever a nova Constituição, embora a oposição seja contra este processo. A simulação foi um sucesso. O presidente Nicolás Maduro não participou da simulação da eleição para a Assembleia Constituinte, apesar dele mesmo tê-la convocado em maio deste ano.

Três meses de protestos

Os coletivos, os grupos armados favoráveis ao governo, atacaram manifestantes em diversas cidades do país. Em Boconó, uma pequena cidade do estado Trujillo, no interior do país, cerca de seis pessoas ficaram feridas, entre elas um jovem que foi levado a um hospital e está em estado grave. Já em Cátia, um bairro popular da região metropolitana de Caracas, a enfermeira Xiomara Scott, de 61 anos, morreu ao ser baleada enquanto esperava na fila para participar do plebiscito da oposição.

Outras quatro pessoas foram feridas quando coletivos em moto passaram atirando contra participantes do plebiscito. Em pânico, cerca de 300 pessoas entraram na igreja do local para se proteger do ataque armado. Foi graças à ajuda da polícia nacional que as pessoas conseguiram sair da igreja, que por alguns minutos ficou cercada pelos coletivos.

O grupo paramilitar também atrapalhou a votação no campus da Universidade Central da Venezuela, onde chegaram amedrontando os eleitores que estavam nas filas. Foram registradas pelos menos 23 denúncias de atos irregulares durante o plebiscito. Mais de 90 pessoas já morreram durante os protestos convocados pela oposição desde abril deste ano.

Pressão da oposição

Os opositores pretendem pressionar ainda mais o governo de Nicolás Maduro  contra a Assembleia Constituinte. Para Henrique Capriles Radonsky, um dos líderes da oposição, Maduro tem que cancelar a “fraude” constituinte. De acordo com Julio Borges, ainda nesta segunda-feira a oposição vai anunciar novas atividades. Os opositores não descartam a realização de uma “hora zero”, expressão local para definir uma greve indefinida.

O plebiscito recebeu apoio da igreja católica, da Organização das Nações Unidas, da Organização de Estados Americanos e de vários governos da América Latina e da Europa. Também participaram como observadores internacionais cinco ex-presidentes de países da região. O México foi o primeiro país a reconhecer o plebiscito opositor.

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