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Brasil-América Latina

Brasil cancela venda de gás lacrimogêneo para a Venezuela

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A decisão dos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, anunciada na última segunda-feira (19), visa mostrar o desacordo das autoridades brasileiras com a repressão às manifestações no país.

Confrontos entre polícia e manifestantes tem sido cada vez mais violentos na Venezuela
Confrontos entre polícia e manifestantes tem sido cada vez mais violentos na Venezuela REUTERS/Christian Veron
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Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela

A venda do gás lacrimogêneo estava sendo negociada pela empresa Condor, com sede no Rio de Janeiro, que informou ainda não ter recebido ordens para cancelar a exportação. Nestes 84 dias ininterruptos de protestos na Venezuela, o uso de gás lacrimogêneo tem sido usado pelas forças de segurança do Estado nas manifestações da oposição contra o governo de Nicolás Maduro.

O estoque em baixa levou o país a comprar da empresa brasileira Condor 70 mil artefatos. Para o deputado Williams Dávila, o dinheiro investido nas bombas de gás poderia ter sido usado de outra maneira.

"Esta empresa vendeu ao regime de Maduro 70 mil bombas de gás lacrimogêneo. Se multiplicarmos 40 ou 50 dólares por unidade, estamos falando de uma grande quantidade de milhões de dólares que poderiam ter sido investidos na compra de remédios ou comida", declarou.

Dávila disse vai denunciar a Condor Equipamentos Não Letais ao Parlamento do Mercosul, o Parlasul. A situação evidencia a tensão entre os governos de Michel Temer e o de Nicolás Maduro. A última negociação de gás lacrimogêneo entre Brasil e Venezuela aconteceu em 2011.

Repressão

Defensores de Direitos Humanos denunciam que as forças de segurança do Estado disparam bombas de gás lacrimogêneo para ferir gravemente os manifestantes. Algumas bombas lançadas estão fora da data de validade, o que poderia causar maiores danos colaterais ainda maiores à saúde dos manifestantes, em um país onde faltam remédios.

Segundo a Procuradora Geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, o estudante Juan Pernalete morreu após ser atingido na altura do coração por uma bomba de gás lacrimogêneo disparada a poucos metros de distância. O uso do artefato também já causou mortes por asfixia.

Armas letais

A Condor Equipamentos Não Letais enviou um comunicado à reportagem da RFI Brasil informando que “a suspensão de fornecimento de equipamentos não letais como gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha poderá ter consequências dramáticas, posto que não restará alternativa às forças de segurança locais a não ser o uso de armas letais”.

Nesta semana, três funcionários da Guarda Nacional Bolivariana foram presos acusados de matar com arma de fogo o jovem Fabián Urbina, de 17 anos. A Venezuela depende em 70% das importações, já que o país pouco investiu na produção nacional. O mesmo vale para a indústria de armamentos. No interior do país está a Cavim, a Companhia Venezuelana de Indústrias Militares, local onde são armazenadas munições e produzidas algumas armas de fogo.

Recentemente o ministro da Defesa, o general Padrinho López, foi à Rússia participar de uma feira militar. Não há informação sobre a compra recente de armamentos russos, porém acabam de chegar à Venezuela carros de combate comprados na China.

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