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EUA

Comey sai pela tangente e não confirma se Trump tentou obstruir Justiça

 James Comey declarou nesta quinta-feira (8), perante o Senado americano, que os pedidos do presidente Donald Trump relativos à investigação sobre o papel da Rússia nas eleições americanas foram "muito perturbadores". Porém, o ex-diretor do FBI evitou acusar o chefe de Estado de ter solicitado abertamente a interrupção do processo.

James Comey, ex-diretor do FBI, depôs afirmou diante da Comissão de Inteligência do Senado.
James Comey, ex-diretor do FBI, depôs afirmou diante da Comissão de Inteligência do Senado. REUTERS/Joshua Roberts/File Photo
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 No início da sessão, o presidente da Comissão, o senador Richard Burr, perguntou diretamente: "em algum momento o presidente lhe pediu para interromper a investigação sobre a ingerência russa nas eleições em 2016?". Comey deu uma resposta monossilábica: "não".

O ex-chefe do FBI reafirmou a sua versão sobre as pressões do presidente, mas disse que não lhe cabe definir se este fato constituía uma tentativa interromper as investigações. "Não acho que deva dizer se as conversas que tive com o presidente foram obstrução à Justiça. Foi uma coisa muito perturbadora, desconcertante", afirmou diante da Comissão de Inteligência do Senado.

Na quarta-feira, Comey havia adiantado por escrito o seu depoimento, em um documento de sete páginas que teve o efeito de um verdadeiro terremoto político. O texto narrava os detalhes de suas conversas com Trump na Casa Branca quando o ex-chefe do FBI estava conduzindo uma investigação sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. As principais suspeitas apontavam para o envolvimento de um dos funcionários do governo americano, o general Michael Flynn, então conselheiro de Segurança Nacional.

Segundo o depoimento escrito, durante uma conversa em fevereiro Trump disse ao ex-chefe do FBI: “espero que possa encontrar uma forma de deixar isso passar, de deixar Flynn em paz. É um homem de bem. Tenho a esperança de que possa se esquecer disso'", relatou Comey em seu depoimento divulgado na quarta.

No início de maio, o presidente demitiu o então chefe do FBI, alegando que a instituição estava em uma situação caótica. "Apesar de não ser necessário dar uma razão para demitir o diretor do FBI, o governo preferiu me difamar e, mais importante, ao FBI, afirmando que a organização era uma desordem, mal conduzida e que os agentes perderam a confiança em seu responsável", se queixou Comey, que acusa o governo Trump de "difamação". De acordo com o ex-diretor do FBI, essas "eram mentiras puras e simples". 

Rússia exerceu ingerência nas eleições americanas

Sobre a investigação que conduzia naquele momento, Comey disse não ter dúvidas de que a Rússia exerceu ingerência nas eleições mediante a invasão dos sistemas de computadores do comitê nacional do Partido Democrata. Entretanto, ressaltou que as informações que possuía não lhe permitiam afirmar que o resultado da eleição foi manipulado.

O presidente americano evitou comentar diretamente as acusações feitas pelo ex-diretor do FBI, mas buscou unir seus seguidores com uma mensagem desafiadora. "Vamos lutar e vencer", disse Trump, dirigindo-se a seus simpatizantes em um encontro com governadores e prefeitos.

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