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Documentos revelam que voto eletrônico é vulnerável nos Estados Unidos

Documentos relativos a uma investigação sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016, vazados pelo site The Intercept nesta segunda-feira (5), parecem confirmar que o sistema do voto eletrônico é vulnerável.

Funcionários preparam as urnas de voto eletrônico em Maryland, nos Estados Unidos.
Funcionários preparam as urnas de voto eletrônico em Maryland, nos Estados Unidos. REUTERS/Gary Cameron
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Relatórios da Inteligência americana divulgados pelo site The Intercept mostram um possível ataque cibernético russo contra mais de 100 funcionários da Justiça Eleitoral e empresas vendedoras de software, causando nova polêmica sobre tentativa da Rússia de manipular os votos nos Estados Unidos.

Especialistas em segurança vêm alertando durante anos que o sistema de votação poderia ser vulnerável nos Estados Unidos, onde existem diversas modalidades eleitorais que dependem de estados e municípios, que contam com diferentes níveis de proteção.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou que sua administração tenha realizado esforços para influenciar a eleição americana de 2016. No entanto, o documento revelado pelo The Intercept sugere que a intervenção russa foi muito além da guerra psicológica e que houve uma tentativa real de invasão nos sistemas de votação americanos propriamente ditos, de acordo com os analistas.

“Nosso maior medo”

"Este é o nosso maior medo", declarou Joseph Hall, chefe de tecnologia do Centro pela Democracia e Tecnologia, que pesquisa os sistemas de votação. "Durante 15 anos eu mesmo e outras pessoas dissemos que nunca confirmamos uma tentativa de ataque aos nossos sistemas de votação. Não vamos mais dizer isso", comentou.

O documento publicado pelo The Intercept em seu site é proveniente da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês), marcado como "top secret" e sugere que hackers tenham entrado mais profundamente no sistema de votação do que se acreditava anteriormente. No entanto, o próprio documento não chega a nenhuma conclusão sobre o impacto dos ataques ou se ele afetou o registro de votos.

Documentos da Inteligência americana vazados pelo site The Intercept mostram como urnas eletrônicas foram alvo de ciberataques russos durante a eleição de 2016.
Documentos da Inteligência americana vazados pelo site The Intercept mostram como urnas eletrônicas foram alvo de ciberataques russos durante a eleição de 2016. Reprodução The Intercept

De acordo com Hall, os sistemas de votação podem ser vulneráveis porque muitos municípios se apoiam nas empresas privadas de software que não possuem recursos suficientes para bloquear inimigos cibernéticos com grande orçamento. "Muitas destas empresas que prestam serviços são pequenas", afirmou Hall.

Matt Blaza, cientista da Universidade da Pensilvânia, disse que qualquer invasão no sistema eleitoral deveria disparar o alarme. "Há uma distância muito grande entre dizer que 'os sistemas foram atacados' e dizer que 'a eleição foi arranjada'. Mas é igualmente muito preocupante", assinalou.

Impacto ao longo prazo

Para Andrew Appel, professor da Universidade de Princeton, se o relatório estiver correto e o ataque cibernético tiver sido executado dias antes das eleições de novembro de 2016, é possível que fosse muito tarde para influenciar o resultado. “Entretanto”, acrescentou, “qualquer tentativa de invadir os sistemas poderia ter um impacto em longo prazo”.

"Se isto ocorreu semanas antes de uma eleição, deveria ser motivo de grande preocupação" pelo resultado, declarou Appel. "Agora estamos a muitas semanas da próxima eleição e se houver qualquer invasão russa ou de qualquer outra origem em nossos programas de contagem de votos, isso continuaria afetando os resultados durante anos", continuou.

Se o número de votos de uma urna eletrônica é manipulado localmente "não será uma coisa óbvia, as pessoas não perceberiam", a menos que fizessem uma recontagem de votos ou uma auditoria. Appel sublinhou que "eleições pela Internet são ainda mais vulneráveis e fico feliz que não usemos isso".

Bruce Schmeier, funcionário da IBM e associado do Centro Berkman da Universidade de Harvard, afirmou que o relatório mostra as fraquezas do sistema eleitoral americano. “Este ataque revelado nos documentos do The Intercept me parece mais explorador do que operacional, mas se trata apenas de uma peça nesta engrenagem. Há muitas vulnerabilidades", declarou Schemeier. Para o funcionário, os "responsáveis eleitorais estão em negação. A próxima eleição não será muito mais segura do que a de 2016".

 

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