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Trump/FBI

Presidente Trump exige silêncio de ex-diretor demitido do FBI

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta sexta-feira (12) o ex-diretor do FMI James Comey, intimado publicamente ao silêncio sobre as circunstâncias pouco claras de sua demissão na terça-feira (9).

Donald Trump exige silêncio de diretor demitido do FBI.
Donald Trump exige silêncio de diretor demitido do FBI. REUTERS/Carlos Barria
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Desde a destituição abrupta de Comey, o presidente republicano nada fez para acalmar os ânimos ou tranquilizar os críticos que, sem falar em crise constitucional, temem uma tentativa de intimidação ou de desestabilização da polícia federal americana e, mais amplamente, da Justiça, da qual o FBI é dependente.

"James Comey melhor que não haja 'fitas' de nossas conversas que possam vazar para a imprensa!", escreveu Trump em uma série de tuítes matinais, nos quais atacou seus críticos e a imprensa pelas reações à demissão de Comey.

O tuíte pareceu uma ameaça e recordou o sistema implementado pelo presidente Richard Nixon (1961-1974), que gravava suas conversas telefônicas e na Casa Branca com seus interlocutores, um hábito que se voltou contra ele no escândalo Watergate.

Confusão e estresse

Na imprensa americana, muitas fontes anônimas dentro da Casa Branca e da administração descreveram um ambiente confuso e de tensão nos últimos dias, com a versão oficial do afastamento ganhando ares cada vez mais pessoais.

Inicialmente, a razão oficial dada sobre a demissão foi o comportamento de James Comey no final da investigação sobre os emails de Hillary Clinton em 2016. Ele foi criticado por ter realizado uma coletiva de imprensa e depois ter anunciado a retomada das investigações poucos dias antes da eleição presidencial.

A Casa Branca garantiu que o afastamento nada tinha a ver com a investigação em curso do FBI sobre o eventual ligação entre membros da equipe de campanha de Donald Trump e a Rússia.

Trump irritado há meses

Mas o bilionário acabou por declarar à NBC na quinta-feira (11) que sempre teve a intenção de demitir Comey da chefia do FBI, o que contradiz a informação da Casa Branca de que o presidente agiu por recomendação de altos funcionários da Justiça. "Quando me decidi, disse a mim mesmo 'esse negócio com a Rússia, Trump e a Rússia, é uma história inventada'", disse.

Há meses, o presidente republicano tem se mostrado furioso com o fato de seu nome ser mencionado na investigação, insistindo não haver provas de ligação, e acusando a mídia de alimentar artificialmente o caso em vez de cobrir suas decisões econômicas ou de segurança.

Segundo o próprio Trump, ele pediu diretamente a James Comey, em conversas por telefone, que confirmasse que não era alvo da investigação.

O grau de descontentamento do 45º presidente americano era claro em seus tuítes nesta sexta-feira. "Os meios de comunicação falsos estão fazendo horas extras hoje!", escreveu. "Mais uma vez, a história de conluio entre os russos e a campanha Trump foi inventada pelos democratas como um pretexto para justificar sua derrota na eleição", ressaltou.

Papel da Rússia

O presidente republicano introduz confusão entre as diferentes vertentes da investigação. O FBI investiga não só um possível conluio, mas também de forma mais geral sobre o ataque hacker russo durante a campanha. A realidade dessas interferências está clara: seis oficiais da inteligência americana, dois dos quais foram nomeados por Donald Trump, reafirmaram na quinta-feira que a Rússia havia tentado influenciar as eleições americanas.

O chefe interino do FBI, Andrew McCabe, declarou ainda que a investigação russa era da maior importância.
Por enquanto, o dique republicano se mantém no Congresso, onde a oposição democrata permanece isolada em seu apelo para a nomeação de um promotor especial para garantir a independência da investigação.

Mas dezenas de republicanos expressaram desconforto, criticaram o tom do presidente, defenderam o ex-diretor do FBI e ainda pediram a criação de uma comissão independente de inquérito sobre a Rússia.

Por enquanto, Comey permanece em silêncio. Ele foi convidado a se explicar ao Senado na próxima terça-feira mas, se aceitar, a reunião será realizada à portas fechadas.
 

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