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Imprensa

Bombardeio dos EUA na Síria coloca um fim na amizade entre Trump e Putin

Toda a mídia francesa se concentra nesta sexta-feira (7) em antecipar as possíveis consequências que pode ter o ataque dos Estados Unidos à base militar síria de Shayrat. Durante a noite, 59 mísseis foram lançados de navios militares americanos, baseados no Mar Mediterrâneo, contra a base de onde, segundo o Pentágono, teria partido o ataque químico que deixou 86 mortos na última terça-feira em Khan Sheikhun, noroeste da Síria.

Acabou o "bromance" entre o presidente americano, Donald Trump, e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, diz o jornal Le Figaro desta sexta-feira (7).
Acabou o "bromance" entre o presidente americano, Donald Trump, e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, diz o jornal Le Figaro desta sexta-feira (7). Reuters
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O jornal Le Figaro não tem dúvidas que a atitude rigorosa de Trump em relação ao drama sírio vai colocar um fim ao "bromance" entre o presidente americano, Donald Trump e o russo, Vladimir Putin. Para o diário, o "clash frontal" entre os dois países começou com a troca de farpas entre a representante americana na ONU, Nikki Haley, e o russo Vladimir Safronkov, durante o Conselho de Segurança. Após dois dias de intensos debates, devido ao bloqueio russo, não foi possível adotar uma resolução de condenação contra a Síria.

Segundo Le Figaro, era óbvio que as boas relações entre a Rússia e os Estados Unidos não durariam porque "os dois países têm posições profudamente incompatíveis" sobre o conflito sírio. Washington talvez acreditasse na possibilidade que, com a aproximação entre Trump e Putin, a Rússia pudesse deixar de lado seu apoio à Síria. "Mas a resposta é não", conclui o jornal. "Aquele homem que Trump classificou de talentoso e respeitável é o mesmo que rejeita a responsabilidade de um crime", o que, ressalta o diário, deve colocar um fim à efêmera amizade.

Bashar Al-Assad no alvo dos EUA

"Trump mira diretamente no regime de Bashar al-Assad", esse é o título da manchete do site do jornal Libération. O correspondente do diário em Nova York explica que, responsabilizando Damasco pelo ataque químico de terça-feira e, diante do bloqueio diplomático na ONU, o presidente americano tomou uma decisão drástica. "Em seis anos de conflito sírio, nunca Washington havia colocado o regime sírio em seu alvo", diz Libé.

Para o correspondente do jornal em Nova York, o bombardeio americano "envia uma mensagem inédita e rigorosa à Damasco e seus aliados", mas a decisão de Trump traz à tona inúmeras dúvidas. Qual será a reação da Rússia? Será que Putin vai dar uma resposta aos Estados Unidos, ativar seu sistema de defesa antimísseis na Síria ou vai se contentar em observar?, pergunta o jornalista.

A estratégia do governo americano também é intrigante, avalia Libération. O diário questiona se o bombardeio desta madrugada é uma advertência única, com o simples objetivo de convencer Bashar Al-Assad a nunca mais recorrer a armas químicas ou se o ataque terá sequência.

Já para Donald Trump, o exercício é politicamente perigoso, escreve o correspondente do Libé. Chocado com o ataque químico de terça, ele escolheu responder com firmeza. Mas a decisão pode suscitar muitas críticas por parte da própria população dos Estados Unidos, a quem ele não parou de prometer um país menos intervencionista e preocupado com seus próprios interesses, a famosa "América para os americanos", ressalta Libération.

Remorso de Hollande

Já para o jornal Le Parisien, a atitude do presidente francês, François Hollande, em apoiar o bombardeio nesta sexta-feira demonstra um remorso por nunca ter agido assim tão firmemente quanto Trump. O diário lembra que, em 2013, quando Al-Assad realizou um dos primeiros ataques químicos na Síria, Barack Obama, que era presidente dos Estados Unidos na época, planejou atacar a Síria, com o apoio da França.

A operação foi cancelada na última hora pelo próprio Obama, e, segundo informações do jornal Le Parisien, Hollande desde então lamentou a chance de fazer algo efetivo contra Al-Assad. De acordo com o diário, o presidente francês chegou a cogitar atacar sozinho a Síria, mas teria sido desaconselhado pela cúpula do governo.

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