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Linha Direta

EUA não descartam ação militar contra Coreia do Norte

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Em visita à Coreia do Sul, o secretário de Estado americano Rex Tillerson declarou nesta sexta-feira (17), que "a paciência estratégica" dos Estados Unidos com a Coreia do Norte terminou. Segundo ele, Washington reflete sobre uma série de medidas "diplomáticas, de segurança e econômicas" e não descarta uma ação militar contra Pyongyang, segundo ele, "uma opção sobre a mesa".

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, foi recebido em Seul pelo presidente interino Hwang Kyo-Ahn nesta sexta-feira, 17 na Coreia do Sul
O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, foi recebido em Seul pelo presidente interino Hwang Kyo-Ahn nesta sexta-feira, 17 na Coreia do Sul REUTERS/JUNG Yeon-Je/Pool
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Pequim

"Certamente, não queremos que as coisas terminem em conflito militar", declarou Rex Tillerson em Seul. Mas, reiterou: "se o nível de ameaça do programa de armamentos se elevar a um nível que exigir uma ação, então, essa será uma opção sobre a mesa".

O secretário de Estado americano chegou na manhã desta sexta-feira em Seul e visitou uma zona desmilitarizada entre as duas Coreias. A agenda de Tillerson na capital sul-coreana não deve ser fácil. É evidente que o destaque da pauta são os norte-coreanos. Mas a dificuldade de tratar do assunto neste momento é que a Coreia do Sul está passando ela própria por um momento de turbulências domésticas.

Com o afastamento da presidente Park Geun-Hye, na semana passada, o país se prepara para nova eleição no dia 9 de maio. Não se sabe em que medida compromissos podem ser firmados agora. O país, de todo modo, tem que agir com cautela.

Os chineses estão bastante irritados com os exercícios militares da Coreia do Sul em conjunto com os americanos e a base antimísseis americana que está sendo construída em território sul-coreano. Tem havido na China um movimento de boicote a lojas e produtos sul-coreanos. Nos últimos dias, 3.300 turistas chineses que estavam num cruzeiro se recusaram a desembarcar numa ilha famosa da Coreia do Sul.

Além disso, há alguns vídeos críticos do sistema antimíssil sendo disseminados pelas redes sociais chinesas. Alguns deles com imagens que não correspondem à realidade. Tudo isso acaba azedando ainda mais o clima geral.

Crise com Coreia do Norte é primeiro teste para Tillerson

Esta viagem está sendo considerada um grande teste para o americano desde que tomou posse em fevereiro. Ele deve ser recebido pelo presidente Xi Jinping, pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, e pelo ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

A agenda dos encontros que terá na China é carregada, com temas espinhosos, e as expectativas são enormes. O problema é que o clima não é dos melhores. A Coreia do Norte deve ter destaque na pauta.

Rex Tillerson disse na quinta-feira (16), no Japão, que é preciso uma nova maneira de lidar com esta questão e afirma que os esforços dos últimos 20 anos falharam. Os chineses, por sua vez, voltaram a falar na proposta que apresentaram na semana passada: a Coreia do Norte suspende os testes e cancela seu programa nuclear, e Coreia do Sul e Estados Unidos suspendem os exercícios militares e a base antimíssil.

A porta-voz do governo chinês disse que essas são as bases para que se volte à mesa de negociações. Ela também afirmou que se houver outra proposta construtiva que considere os interesses da região e sirva para reduzir a tensão, será bem-vinda.

Mas há muito mais em jogo. China e Estados Unidos precisam discutir a relação. Desde antes de assumir a Casa Branca, Donald Trump fez declarações polêmicas e ameaças que podem prejudicar o relacionamento entre os dois países. Ele e o seu colega chinês Wang Yi ainda têm a missão de montar um programa que traga novas bases para a relação entre Estados Unidos e China, e que abra o caminho para uma reunião amistosa e com resultados entre o presidente Donald Trump e Xi Jingping. A cúpula vai acontecer na Flórida em abril e é preciso que a agenda seja positiva de alguma forma.

Expectativa da visita à China

Essa visita de Tillerson acontece pouco depois de o governo Trump anunciar um corte no orçamento da Departamento de Estado de 29%, o que é bastante expressivo. Especialistas têm dito que o secretário americano estaria enfraquecido, e que não participaria das reuniões relevantes em Washington para tratar da política externa. Tudo isso terá de ser avaliado e pode pesar o contexto dos resultados para o giro asiático.

Já os chineses têm dito que esperam uma melhora na relação com os Estados Unidos. A avaliação é até de que melhorou um pouco e existe um certo otimismo. Mas há muitas arestas a aparar ainda. A desconfiança entre os dois lados não deve se dissipar em uma única viagem.

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